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PolíticaRuanda

Líderes anunciam nova reunião em busca do cessar-fogo na RDC

Isaac Kaledzi
8 de fevereiro de 2025

A cimeira dos líderes africanos reunidos na Tanzânia para enfrentar a crise na República Democrática do Congo apelou aos chefes militares para estabelecerem um "cessar-fogo imediato e incondicional" no prazo de 5 dias.

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Tansania Daressalam 2025 | EAC-SADC-Gipfeltreffen
Foto: Florence Majani/DW

A cimeira dos líderes africanos reunidos na Tanzânia para enfrentar a crise na República Democrática do Congo (RDC) apelou este sábado (08.02) aos chefes militares para estabelecerem um "cessar-fogo imediato e incondicional" no prazo de cinco dias.  "A cimeira conjunta solicitou aos chefes das forças de defesa da EAC e da SADC que se reunissem dentro de cinco dias e fornecessem diretrizes técnicas sobre um cessar-fogo imediato e incondicional, bem como sobre o fim das hostilidades", declarou um porta-voz no final da cimeira na Tanzânia.

 Os líderes apelaram também à "prestação de assistência humanitária, incluindo o repatriamento dos falecidos e a evacuação dos feridos", bem como à abertura de corredores de abastecimento nas zonas afetadas pelo conflito no leste da RDC. "A cimeira conjunta reafirmou a solidariedade e o compromisso inabalável de continuar a apoiar a RDC nos seus esforços para salvaguardar a sua independência, soberania e integridade territorial", acrescenta a declaração. 

Julgados pela História

Os líderes africanos que não conseguirem resolver o conflito no leste da República Democrática do Congo (RDC) serão julgados pela História, alertou a Presidente da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan. O apelo foi feito no início de uma cimeira de emergência realizada em Dar es Salaam, entre 7 e 8 de fevereiro, convocada pela Comunidade da África Oriental (EAC) e a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), face à escalada da violência na RDC.

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"Nas últimas semanas, assistimos à propagação de uma violência que causou enormes perdas humanas, deslocações em massa e insegurança, afetando atividades económicas e o comércio transfronteiriço", afirmou Hassan.

O Presidente congolês, Félix Tshisekedi, participou por videoconferência, enquanto Paul Kagame, do Ruanda, Cyril Ramaphosa, da África do Sul, Emmerson Mnangagwa, do Zimbabué, William Ruto, do Quénia, e Yoweri Museveni, do Uganda, marcaram presença em pessoa. Tshisekedi e Kagame, frequentemente acusados de tensões mútuas em torno do conflito, não discursaram durante o encontro.

Mnangagwa e Ruto defenderam que a resolução da crise não pode ser alcançada por meios militares. "Temos de resistir à ideia de que podemos resolver o problema pela força. Apenas uma abordagem diplomática, que vá às raízes da crise, pode assegurar a integridade territorial da RDC e trazer paz duradoura", sublinhou Ruto.

A cimeira contou ainda com apelos urgentes de organizações regionais, como a Comunidade Económica dos Estados da África Central (CEEAC), que condenou os ataques do grupo rebelde M23, alegadamente apoiado pelo Ruanda. "Exigimos a retirada imediata das forças armadas ruandesas do território congolês", reforçou a CEEAC num comunicado. 

Crise humanitária agrava-se

O avanço dos rebeldes M23, que recentemente tomaram a cidade de Goma, capital da província de Kivu do Norte, resultou em mais de 2.700 mortes, segundo a ONU. Famílias desesperadas procuram os corpos de entes queridos desaparecidos, enquanto a Cruz Vermelha Internacional organiza enterros coletivos.

Odette Maliyetu, mãe de um soldado congolês desaparecido, relatou a angústia de não conseguir notícias do filho. "Visitamos funerais na esperança de o encontrar, mas ainda nada. Não sabemos se está vivo ou morto", lamentou.

A ONU alerta que o número de vítimas pode ser ainda maior, com relatos de mortes causadas por explosões e balas perdidas. Chance Nzabanita descreveu a perda da sua avó: "Ela morreu depois de uma explosão na casa onde estava. Outras pessoas ficaram gravemente feridas."

Possíveis sanções e apelo internacional

Os Estados Unidos ameaçam impor sanções a oficiais do Ruanda e da RDC, enquanto o Alto-Comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, alertou para a possibilidade de abusos generalizados, incluindo violações e escravidão sexual, se o conflito não for controlado.

"Se nada for feito, o pior ainda está por vir", advertiu Turk numa reunião de emergência em Genebra.

Analistas destacam que o diálogo inclusivo, que considere as dinâmicas étnicas e políticas internas da RDC, é essencial para uma solução sustentável. "Apesar do caráter de guerra por procuração, é crucial que haja representatividade e inclusão nas negociações internas", afirmou Fidel Amakye Owusu.

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