Líder militar sudanês declara Cartum "livre"
26 de março de 2025"Agora, Cartum está livre", disse o líder militar do Sudão, Abdel Fattah al-Burhan, à TV catari "Al Jazeera" de dentro do Palácio Presidencial, onde o militar fez uma breve visita com a sua comitiva pela primeira vez desde o início da guerra a 15 de abril de 2023 entre o Exército e as FAR lideradas por Mohamed Hamdan Dagalo, conhecido como Hemedti.
Burhan chegou hoje a Cartum no seu helicóptero após o anúncio por parte do Exército que tinha assumido o controle do aeroporto internacional da capital e o "último bastião" paramilitar na cidade.
Na última sexta, o Exército expulsou as FAR do Palácio Presidencial que, segundo imagens transmitidas pelo canal, tinha sido danificado pelos combates entre as partes em conflito.
O aeroporto, o Palácio e a maior parte dos centros da cidade caíram nas mãos dos paramilitares no início da guerra, em abril de 2023.
Até agora, as FAR, cujo principal reduto é a região ocidental de Darfur, não reagiu a essas perdas territoriais.
Nas últimas semanas, o Exército sudanês lançou uma campanha para recapturar distritos controlados pelas FAR na extensa capital sudanesa, depois de expulsá-las das principais cidades e vilas do centro-leste e centro-sul do Sudão.
A guerra no Sudão começou a 15 de abril de 2023, após o fracasso das negociações entre as FAR e o Exército para incluir paramilitares na instituição militar e desde então, deixou dezenas de milhares de mortos e deslocou internamente mais de 12 milhões de pessoas.
Ataque a mercado no Sudão
A ONU disse, nesta quarta-feira, que, de acordo com as informações recebidas do terreno, um ataque perpetrado pelas Forças Armadas sudanesas num movimentado mercado no Sudão deixou "centenas de civis mortos e dezenas de feridos".
Foi um bombardeio ocorrido no dia anterior no mercado da vila de Torra, cerca de 40 quilômetros ao norte da cidade de Al Fasher, o último território ainda sob controle do Exército na extensa região ocidental de Darfur, que já foi palco de um brutal conflito armado entre 2003 e 2020, quando um acordo de paz foi finalmente assinado.
O Escritório de Direitos Humanos das Nações Unidas disse que também foi informado que alguns dos feridos estão a morrer devido à falta de acesso a serviços médicos, já que a infraestrutura de saúde na região é muito limitada.
No contexto deste ataque, membros das Forças de Apoio Rápido (RSF) — com as quais as Forças Armadas se encontram em guerra há dois anos — teriam realizado prisões arbitrárias de civis.
"Apesar dos meus repetidos apelos para que ambos os lados do conflito respeitem o direito internacional humanitário, os civis continuam a ser mortos, mutilados e maltratados diariamente", denunciou o alto comissário para os Direitos Humanos, Volker Türk.