Cimeira Rússia-Ucrânia exige "preparação meticulosa"
20 de agosto de 2025A Rússia sublinhou, esta quarta-feira (20.08), que tem de fazer parte de qualquer discussão sobre garantias de segurança para a Ucrânia.
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, avisou que "discutir seriamente garantias de segurança sem a Rússia é uma utopia, um caminho para lado nenhum".
Lavrov também manifestou dúvidas quanto a uma reunião iminente entre os dois inimigos declarados, sublinhando que qualquer cimeira entre Putin e Zelensky "deve ser preparada da forma mais meticulosa possível", para evitar um eventual "agravamento" da situação do conflito.
"Galo gaulês sem cérebro"
Entretanto, Dmitry Medvedev, vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia, reiterou a oposição de Moscovo a qualquer destacamento de tropas da NATO na Ucrânia, mesmo sob o rótulo de forças de paz.
Numa publicação nas redes sociais, ridicularizou o Presidente francês Emmanuel Macron, referindo-se a ele como um "galo gaulês sem cérebro" e uma "ave rouca e patética". Medvedev acusou Macron de continuar a insistir no envio de tropas ocidentais, apesar da insistência da Rússia de que tais garantias de segurança não seriam aceites.
Medvedev é conhecido por declarações polémicas nas redes sociais contra líderes ocidentais. Em abril de 2024, descreveu o chanceler alemão Friedrich Merz como um nazi numa publicação nas redes sociais.
Ataques continuam dos dois lados
A Ucrânia e a Rússia acusaram-se, hoje, de novos bombardeamentos, com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, a insistir na exigência de maior pressão sobre Moscovo e na questão das garantias de segurança.
As autoridades ucranianas disseram que 14 pessoas ficaram feridas em Sumy num ataque russo com drones em que ficaram destruídos uma dúzia de edifícios residenciais. Três menores estavam entre os feridos, incluindo um bebé de apenas alguns meses, indicou a procuradoria da região, citada pela agência de notícias Europa Press.
Também foram emitidos alertas aéreos em várias localidades de Chernigiv, Kharkiv e Poltava, bem como na cidade de Kostiantynivka, na região de Donetsk.
No total, caíram mais de 60 drones e um míssil balístico durante a noite, disse Zelensky nas redes sociais. "Todos estes ataques demonstram e confirmam a necessidade de pressionar Moscovo e de impor novas sanções e tarifas até que a diplomacia funcione plenamente", insistiu.
Do lado russo, o Ministério da Defesa anunciou que as defesas antiaéreas abateram esta madrugada 42 drones ucranianos sobre nove regiões do país. "Durante a noite de 20 de agosto, os sistemas de defesa antiaérea intercetaram e destruíram 42 drones ucranianos de asa fixa", disse o ministério num comunicado citado pela agência de notícias EFE.
Devido ao ataque aéreo, os aeroportos de cinco cidades, entre as quais Volgogrado, a antiga Estalinegrado, suspenderam temporariamente as operações.
Rússia avança em Dnipropetrovsk
Na frente leste, o Exército russo assumiu o controlo de três novas localidades.
O Ministério da Defesa disse que foi assumido o controlo das localidades de Soukhetské e Pankivka, na região de Donetsk (leste), e de Novogueorgiivka, na região de Dnipropetrovsk (centro-leste).
As duas primeiras estão localizadas perto do setor onde o Exército russo conseguiu romper as defesas ucranianas na semana passada, entre as fortalezas de Pokrovsk e Kostiantynivka, indicou a agência de notícias France-Presse (AFP).
A rutura foi finalmente contida e estabilizada depois da Ucrânia enviar reforços para o local, de acordo com as unidades ucranianas envolvidas.
Novogueorgiivka localiza-se numa região onde as tropas russas entraram pela primeira vez em julho, ampliando a frente.
O Exército russo acelerou os ganhos territoriais nos últimos meses.
Queda de drone na Polónia
A Polónia acusou, esta quarta-feira, a Rússia de provocação, após a queda e explosão de um drone russo num campo no leste do país durante a última noite, sem causar vítimas.
A explosão ocorreu num campo de milho perto da aldeia de Osiny, na província de Lublin, no leste da Polónia, a cerca de cem quilómetros de Varsóvia e a uma distância semelhante das fronteiras com a Ucrânia e a Bielorrússia.
"Mais uma vez, enfrentamos uma provocação da Federação Russa, com um drone russo", declarou o ministro da Defesa polaco, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, aos jornalistas.
O incidente ocorre "num momento específico, quando estão em curso negociações de paz" sobre o conflito na vizinha Ucrânia e "quando há esperança de que esta guerra possa terminar", destacou o ministro da Defesa, lamentando: "A Rússia está a provocar mais uma vez".