Junta militar reforça o controlo sobre o Mali
24 de junho de 2025As eleições previstas para fevereiro de 2024 foram adiadas por "razões técnicas" e ainda não têm nova data. Em junho de 2025, o Conselho Nacional de Transição aprovou um mandato adicional de cinco anos para Goïta, prolongando a presidência até 2030.
Os militares justificaram o golpe militar de 2020 com a necessidade de combater o terrorismo, mas o certo é que os ataques jihadistas intensificaram-se e alastraram-se, incluindo ao sul do país, afirma, em entrevista à DW, Ahmed Ould Abdallah, presidente do Centro Sahel Sahara para Estratégias de Segurança.
"Não só o terrorismo não desapareceu, como está a aumentar e a tornar-se mais intenso", comenta.
Ataques continuam
Em junho de 2025, o Grupo de Apoio ao Islão e aos Muçulmanos (JNIM), afiliado à Al-Qaeda, atacou posições militares, matando pelo menos 30 pessoas, e já um ano antes, em julho de 2024, separatistas tuaregues causaram pesadas perdas ao Exército e ao grupo de mercenários Wagner, da Rússia, atacando até a capital do país.
Apesar disso, Fousseyni Ouattara, vice-presidente do Conselho Nacional de Transição, garantiu recentemente: "O Mali controla o seu território. O controlo total da região de Kidal mostra que houve uma grande mudança."
Os militares tentam assumir o controlo total do país: Em maio de 2025, o Governo dissolveu todos os partidos políticos,uma medida muito contestada a vários níveis.
Para Sidylamine Bagayoko, professor na Universidade de Bamako, "o debate político enriquece a diversidade de opiniões e é essencial para o progresso do país." Ulf Laessing, da Fundação Konrad Adenauer, ligada ao partido cristão-democrata alemão, alerta para uma "abolição da oposição", o que seria um ato verdadeiramente antidemocrático.
Claus-Dieter König, da Fundação Rosa Luxemburgo, ligada ao partido A Esquerda, antigo partido comunista da extinta Alemanha de Leste, também denuncia a crescente repressão: "Goïta está a tornar-se um governante ditatorial. Membros da oposição vivem com medo, rádios foram silenciadas e, para novos órgãos de comunicação social, tornou-se mais difícil obter licenças."
Direitos humanos em causa
Há registos de graves violações dos direitos humanos no país, incluindo prisões arbitrárias: Ativistas pró-democracia foram detidos e líderes da oposição desapareceram.
Segundo a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch e o consórcio Forbidden Stories, civis são detidos, torturados e mantidos em prisões secretas, numa operação conjunta do Exército e do grupo Wagner — acusações rejeitadas pelo Governo.
Apesar dos problemas, o regime mantém um apoio considerável junto da juventude, que rejeita as elites antigas, vistas por muitos como corruptas.