RDC-Ruanda: João Lourenço pede cumprimento de compromissos
30 de junho de 2025Num comunicado divulgado pela Presidência angolana, João Lourenço "saúda os passos dados em prol da regularização da situação na República Democrática do Congo (RDC), com a assinatura em Washington, no dia 27 de junho de 2025, do acordo de paz entre a República Democrática do Congo e a República do Ruanda".
O Presidente de Angola manifestou ainda "a esperança de que as partes honrem os compromissos assumidos" e apelou à conclusão "de todos os aspetos pendentes do processo de resolução definitiva do conflito".
O acordo de paz , mediado pelos EUA, foi assinado na última sexta-feira (27.06), em Washington, pelos ministros dos Negócios Estrangeiros da RDC e do Ruanda.
"Um passo histórico"
A embaixadora interina dos Estados Unidos na ONU, Dorothy Shea, destacou a "realização importante” que representa o acordo. "Apoia os processos liderados por africanos e representa um passo histórico no sentido de garantir uma paz duradoura no leste da RDC e de criar condições para o desenvolvimento económico em benefício das populações da região", disse Shea.
Por seu lado, o representante da RDC na ONU, Hippolyte Kingonzila Mfulu, sublinhou que a situação de segurança no leste da RDC "continua a caraterizar-se pela continuação da agressão ruandesa."
"As tropas destacadas para apoiar os elementos da AFC/M23 continuam a ser ilustradas pelos massacres de civis, a violação de mulheres, o recrutamento forçado de rapazes e outras violações dos direitos humanos e do direito humanitário internacional", declarou Mfulu.
O representante da RDC na ONU também lançou um repto aos EUA, mediador do acordo: "Nesse acordo, o Ruanda compromete-se a retirar incondicionalmente todas as suas tropas da RDC. Esperamos que, desta vez, os EUA possam impor ao Ruanda sanções proporcionais à sua má conduta, caso voltem a não cumprir o acordo."
Já Martin Ngoga, representante permanente do Ruanda na ONU afirmou que, "embora ainda haja algum caminho a percorrer, a via para uma paz duradoura na região dos Grandes Lagos é mais clara do que nunca."
A União Africana também considerou o acordo de paz entre a RDC e o Ruanda "um passo importante” e enalteceu os esforços em curso "para promover a paz, a estabilidade e a reconciliação na região".
Também a União Europeia saudou o entendimento apelando ao envolvimento de todas as partes. A chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, sublinhou que o envolvimento da União Africana, da SADC e da Comunidade da África Oriental será determinante para o sucesso do processo.
O acordo de paz prevê o respeito pela integridade territorial e o fim das hostilidades no leste da RDC, onde confrontos entre o exército congolês e o grupo rebelde M23 provocaram milhares de mortos e centenas de milhares de deslocados desde 2021.