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O que esperar de JLo na presidência da União Africana?

15 de fevereiro de 2025

Num momento histórico para Angola, o chefe de Estado angolano, João Lourenço, assume este sábado (15.02) a presidência da União Africana (UA), um cargo de grande responsabilidade no contexto continental.

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O presidente angolano em Adis Abeba este sábado
O presidente angolano em Adis Abeba este sábadoFoto: Amanuel Sileshi/AFP/Getty Images

É um cargo de grande responsabilidade no contexto continental: analistas angolanos apontam que a pacificação das regiões em conflito, a luta contra a desertificação e a manutenção das relações com os EUA como os desafios centrais da liderança de João Lourenço na União Africana (UA).

A cerimónia de transição da liderança acontece em Adis Abeba, capital da Etiópia, onde o presidente angolano já se encontra. Segundo o ministro das Relações Exteriores de Angola, Tete António, João Lourenço terá uma agenda intensa, com destaque para questões de paz e segurança no continente.

38.ª cimeira da UA

A 38.ª cimeira da União Africana centra-se no pagamento de reparações pelo colonialismo, mas os debates serão dominados pelos conflitos regionais e a insegurança. A guerra no leste da República Democrática do Congo (RDC), que dura há quase 30 anos e agravou-se recentemente, envolve rebeldes do M23, apoiados pelo Ruanda, contra o exército congolês, que recebe apoio do Uganda, Tanzânia e África do Sul.

O conflito, impulsionado pelas vastas reservas de minérios estratégicos, ameaça alastrar para toda a região. O Presidente angolano, João Lourenço, mediador entre a RDCongo e o Ruanda, assume a presidência rotativa da UA nesta cimeira com um desafio de pacificação.

João Lourenço deverá ter um papel mediador no conflito entre a República Democrática do Congo (RDC) e o Ruanda. Nesta imagem, as bandeiras de Ruanda, Angola e RDC
João Lourenço deverá ter um papel mediador no conflito entre a República Democrática do Congo (RDC) e o Ruanda. Nesta imagem, as bandeiras de Ruanda, Angola e RDC Foto: Borralho Ndomba/DW

"Campeão da paz em África"

O estadista angolano apresentará o seu relatório como "campeão da paz em África" e também sobre o seu papel como mediador no conflito entre a República Democrática do Congo (RDC)e o Ruanda.

Considera-se para a República de Angola um ponto de muito interesse, porque é a ocasião em que o Presidente da República vai apresentar o seu relatório como campeão de paz e reconciliação em África. Essa ocasião também será a mesma em que vai apresentar o seu relatório como mediador no conflito que opõe o Ruanda e a RDC.

O especialista em conflitos, paz e segurança, Nicolau Miguel, destaca que João Lourenço enfrentará desafios significativos, incluindo a implementação da Agenda 2063, que visa a integração económica, uma África próspera e pacífica.

"Ficamos felizes por saber que Angola ganha, em particular, nesta responsabilidade que estamos a assumir, porque aqui estão os quadros angolanos, que também vão estar envolvidos em muitas frentes", disse à DW África.

Nicolau Miguel ressalta a importância da cooperação multilateral e acredita que a nova administração norte-americana, com Donald Trump, continuará a fortalecer as relações
Nicolau Miguel ressalta a importância da cooperação multilateral e acredita que a nova administração norte-americana, com Donald Trump, continuará a fortalecer as relaçõesFoto: Privat

Cooperação multilateral

O analista também ressalta a importância da cooperação multilateral e acredita que a nova administração norte-americana, com Donald Trump, continuará a fortalecer as relações com o continente africano. "Esta relação entre os Estados Unidos e África deve continuar, pois é benéfica para ambas as partes", afirmou.

Outro desafio, apontado porém pelo comentador político Feliciano Lourenço, é a questão da imigração de jovens africanos para a Europa. Segundo ele, é fundamental que a nova direção da UA encontre políticas para travar a fuga de cérebros do continente.

"Temos indivíduos com a capacidade de ajudar no desenvolvimento do continente, mas que estão a sair de África para a Europa. E, lá, realizam trabalhos precários, que os próprios europeus não aceitam", disse. "Os nossos 'cérebros' estão a sair de África para trabalhos precários na Europa", concluiu. 

À lupa: A teia de interesses no conflito na RDC