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PolíticaIémen

Iémen: EUA travam batalha dispendiosa contra houthis

Jennifer Holleis
30 de abril de 2025

Os houthis, apoiados pelo Irão, estão a ripostar aos ataques norte-americanos com armas diversificadas. O aumento dos ataques dos EUA mostra que Washington está a avançar com a operação militar mais dispendiosa em curso.

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Destruição causada por ataques aéreos em Sanaa
Os EUA realizaram cerca de 800 ataques no Iémen desde meados de marçoFoto: Khaled Abdullah/REUTERS

O conflito entre os Estados Unidos da América e o governo do Iémen, dirigido pela milícia Houthi apoiada pelo Irão, e designada por Washington como uma organização terrorista, está a intensificar-se.

No ultimo domingo (27.04), um ataque dos EUA a um campo de detenção de migrantes na província de Saada matou dezenas de migrantes etíopes. De acordo com a agência noticiosa SABA, dirigida pelos houthis, o número de mortos ronda os 200, mas a Associated Press estima que esse número seja inferior, cerca de 70.

Até ao momento, o Comando Central dos EUA, conhecido por CENTCOM, declarou que "está atualmente a realizar avaliação dos danos de batalha e a investigar essas alegações."

Operação militar mais dispendiosa em curso

Entretanto, o CENTCOM revelou pela primeira vez o número de ataques contra alvos houthis desde o início da intervenção dos EUA, denominada "Operação Rough Rider", em meados de março: 800. Não foram incluídos nomes nem provas.

De acordo com o jornal norte-americano New York Times, o custo total da atual operação dos EUA contra os Houthis já ultrapassou os 877 milhões de euros.

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Isto faz com que seja a operação militar americana mais dispendiosa em curso e não é provável que termine tão cedo.

O porta-voz do CENTCOM, Eastburn, reiterou na segunda-feira (28.04) que continuará "a aumentar a pressão até que o objetivo seja alcançado, que continua a ser a restauração da liberdade de navegação e a dissuasão americana na região”.

Defesa aérea melhorada

Fabian Hinz, analista militar e de defesa do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, explica à DW a tecnologia militar usada pelos EUA: "Os drones que os americanos estão a utilizar no terreno, os mq-9 Reapers, são drones relativamente lentos. Estes drones foram originalmente desenvolvidos para serem utilizados em missões como o Afeganistão ou o Mali, onde o inimigo, sob a forma de grupos armados, não dispõe de verdadeiros sistemas de defesa aérea."

Os houthis, no entanto, possuem dois sistemas de defesa aérea. "Por um lado, adquiriram alguns sistemas de defesa aérea do antigo exército iemenita em 2015, quando tomaram o poder no país. Ao mesmo tempo, também recebem fornecimentos do Irão. Incluindo um sistema especial de mísseis anti-drone designado míssil 358, que os iranianos desenvolveram especificamente para abater esta classe de drones", acrescenta Hinz.

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De acordo com a organização britânica CAR, representada pelo chefe de operações regionais no Golfo, Taimur Khan, houve uma série de apreensões recentes de carregamentos destinados aos Houthis.

"Os houthis continuam absolutamente dependentes do Irão para o fornecimento de sistemas mais estratégicos, como os sistemas de mísseis de longo alcance que utilizam para atacar ou tentar atacar navios comerciais, navios de guerra, bem como Israel e, mais além, os países do Golfo", diz Khan.

Cálculo de risco alterado

No entanto, o chefe de operações regionais no Golfo também refere que os houthis fizeram um esforço concertado para solidificar cadeias de abastecimento alternativas ou diversificadas para o mercado comercial na China.

Entretanto, os houthis continuam a atacar a navegação no Mar Vermelho e a lançar mísseis de longo alcance e ataques com drones contra Israel, numa tentativa declarada de apoiar o Hamas e os palestinianos em Gaza.

Os ataques dos EUA contra os Houthis tornaram-se "mais agressivos" em paralelo. No entanto, de acordo com vários observadores com quem a DW falou desde o início da última operação dos EUA no Iémen, é altamente improvável que os ataques aéreos consigam derrotar os Houthis, que estão bem abastecidos e endurecidos pela guerra, após anos de uma guerra civil contra o governo iemenita, que foi interrompida em 2022 com um cessar-fogo.