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ConflitosIsrael

Alemanha e o mundo reagem ao plano israelita de ocupar Gaza

sq | com agências
8 de agosto de 2025

Alemanha suspende exportações de armas para Israel após plano de ocupação de Gaza. União Europeia e ONU condenam e pedem recuo de Netanyahu e alertam para riscos humanitários e violações da lei internacional.

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Manifestantes pró-Hamas
Manifestantes pró-Hamas protestam contra a ofensiva israelita na Faixa de GazaFoto: Mohammed Huwais/AFP/Getty Images

A Alemanha anunciou a suspensão, até nova ordem, de todas as exportações de armas para Israel que possam ser usadas na Faixa de Gaza, após o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu aprovar um plano militar para ocupar a Cidade de Gaza. A medida foi anunciada pelo chanceler Friedrich Merz, que justificou a decisão com a ausência de garantias sobre como Israel pretende desarmar o Hamas, libertar os reféns e iniciar negociações rápidas para um cessar-fogo.

Merz sublinhou que Israel tem direito a defender-se do terrorismo do Hamas, mas manifestou profunda preocupação com o sofrimento da população civil. Defendeu que Telavive deve permitir o acesso amplo e contínuo de ajuda humanitária, melhorar de forma duradoura as condições no terreno e evitar qualquer medida que conduza à anexação da Cisjordânia. Esta é a primeira vez que um governo alemão toma uma decisão desta natureza.

O plano israelita, aprovado pelo gabinete de segurança, prevê a tomada da Cidade de Gaza e, segundo a imprensa local, o deslocamento de um milhão de habitantes para o sul. Poucas horas antes, Netanyahu tinha declarado que pretendia ocupar todo o enclave. A proposta já gerou críticas internas e internacionais, incluindo de familiares de reféns e da Autoridade Nacional Palestiniana.

União Europeia pede revisão da decisão

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, apelou a Israel para reconsiderar a expansão da ocupação em Gaza. Nas suas declarações, insistiu na libertação imediata dos cerca de 50 reféns israelitas ainda detidos – dos quais 20 estarão vivos – e em condições consideradas "desumanas”.

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Von der Leyen exigiu também acesso imediato e sem obstáculos da ajuda humanitária ao enclave, onde mais de dois milhões de palestinianos enfrentam "fome generalizada”, segundo alertas da ONU. Reiterou o apelo a um cessar-fogo imediato, defendendo que qualquer operação militar deve ter em conta o direito internacional e a proteção de civis.

ONU alerta para possíveis crimes de guerra

O alto comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, exigiu que o plano de ocupação militar total seja interrompido de imediato, alertando que a medida viola a lei internacional, contraria decisões da Corte Internacional de Justiça e infringe o direito do povo palestiniano à autodeterminação.

Türk advertiu que a execução do plano poderá causar sofrimento insuportável, destruição desenfreada, crimes de guerra e crimes contra a humanidade. Em vez de intensificar a ofensiva, defendeu, Israel deveria concentrar esforços em salvar vidas civis e permitir o fluxo total de ajuda humanitária. O responsável reafirmou que a guerra em Gaza deve terminar imediatamente e que israelitas e palestinianos devem poder viver em paz, lado a lado, apelando também à libertação de todos os reféns e detidos arbitrariamente.

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