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Onda de protestos contra subida dos combustíveis em Angola?

11 de julho de 2025

Angola será palco de três manifestações nos próximos dias. A primeira acontece já este sábado contra a subida do preço dos combustíveis e dos táxis. Outros protestos estão agendados para breve pelos mesmos motivos.

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Greve de taxistas em Angola em janeiro de 2022
Fora de Luanda também estão agendadas manifestações Foto: B. Ndomba/DW

A manifestação deste sábado (12.07) denominada "o teu silêncio mata mais do que a malária" está a mobilizar vários segmentos da sociedade angolana. Organizações políticas e sociais manifestam, sobretudo nas redes sociais, vontade de participar no protesto contra a subida do preço dos combustíveis e dos táxis.

Antes mesmo da sua realização, esta quinta-feira (10.07) registou-se o primeiro impasse entre as autoridades e os organizadores. Em causa a definição da rota.

"Queriam que nós aceitássemos uma nova rota, que ficássemos no cemitério da Sant'Ana, contrário ao pressuposto que interpusemos ao Governo Provincial de Luanda sobre o Largo de São com termino no largo da Maianga",  explica Adilson Manuel, co-organizador do protesto.

Aviso da polícia

Segundo Adilson, os organizadores não cederam. Por isso, houve um aviso da polícia, "dizendo de que haverá detenções e que os responsáveis da manifestação irão arcar com as consequências penais."

"Nós estamos conscientes disso. Estamos apenas a cumprir aquilo que é stricto sensu da lei", diz o organizador.

Nos últimos tempos, todas as manifestações realizadas em Luanda, a capital angolana, são reprimidas pelas autoridades policiais.

Luanda: Marcha contra aumento dos combustíveis em Angola

À DW África, o advogado Agostinho Canando espera por um comportamento diferente da polícia. O jurista quer que, no sábado, se veja uma "guarda nacional republicana" que garanta os direitos e liberdades dos manifestantes.

"Mas ao que parece, sempre que as autoridades do poder executivo tendem que as manifestações sejam reprimidas, a polícia simplesmente obedece. Nesse caso, deixo aqui algum recado para as autoridades, principalmente para a polícia, que deixem as coisas acontecerem na legalidade. Deixem que as coisas fluam até porque todo mundo sairá beneficiado se estas manifestações surtirem os seus devidos efeitos", apela o jurista.

Início de uma onda de protestos?

Será que esta manifestação é o início de uma onda de protestos, à semelhança do que está a acontecer no Quénia?  É que, para os dias 14 e 15 deste mês, também foram anunciados protestos com o mesmo propósito.

Os mentores da iniciativa estão a apelar aos cidadãos a ficar em casa, na segunda e terça-feira. Agostinho Canando explica esta forma de manifestação: "As pessoas simplesmente ficarão em casa e algumas poucas sofrerão represálias, inclusive poderá ser uma paralisação total que vai permitir que o Executivo, a polícia e os outros órgãos possam refletir sobre o que nós queremos, afinal de contas em prol do desenvolvimento do país."

"Porque o que está a acontecer no final das contas é o poder de compras está a ser perdido todos os dias pelos cidadãos e parece que estamos a levar isso de ânimo leve", acrescenta.

A DW tentou ouvir a polícia, mas sem sucesso.

Reflexões Africanas: O aumento do custo de vida em Angola

Entretanto, fora de Luanda também estão agendadas manifestações. No norte de Angola, os malanjinos anunciaram "Malanje na rua", para o dia 19 deste mês.

"O teu silêncio mata mais que a malária"  e outras iniciativas, surgem na sequência do aumento do preço do gasóleo de 300 para 400 kwanzas (0,37 euros) e dos transportes, sobretudo privados de 200 para 300 kwanzas (0,28 euros).

Manuel Luamba Correspondente da DW África em Angola