Inundações na Nigéria causam mais de 150 mortos
31 de maio de 2025Mais de 150 pessoas morreram e mais de 3.000 ficaram desalojadas na sequência de inundações devastadoras que atingiram o centro-oeste da Nigéria, informou este sábado (31.05) a Agência de Gestão de Emergências do Estado do Níger. As chuvas torrenciais caíram esta semana, provocando cheias repentinas na cidade de Mokwa, uma zona rural e movimentada, situada a mais de 350 quilómetros da capital, Abuja.
De acordo com o porta-voz da agência, Ibrahim Audu Husseini, foram destruídas 265 casas e duas pontes, tendo os corpos de várias vítimas sido encontrados a cerca de 10 quilómetros do epicentro das inundações. Muitas pessoas continuam desaparecidas. Numa família de 12 elementos, apenas quatro foram localizados até sexta-feira. Equipas de emergência e moradores procuram corpos entre os escombros das casas colapsadas, sendo já necessário recorrer a escavadoras para remover os destroços.
O Presidente da Nigéria, Bola Tinubu, garantiu que estão em curso operações de busca e salvamento com o apoio das forças de segurança, e que estão a ser distribuídos materiais de emergência e abrigos temporários em Mokwa. A resposta à catástrofe envolve também a Cruz Vermelha nigeriana, voluntários locais, militares e polícias.
Entre os desaparecidos, há pelo menos 50 crianças de uma escola islâmica, segundo o jornal Daily Trust citado pela agência de notícias France-Presse (AFP). Na sexta-feira (30.05), crianças deslocadas brincavam nas águas estagnadas, aumentando o risco de doenças transmitidas pela água. Dois corpos jaziam nas margens, cobertos por folhas de bananeira e tecidos tradicionais. "Perdemos pelo menos 15 pessoas só nesta casa”, contou Mohammed Tanko, de 29 anos. "Perdemos tudo.” Já Sabuwar Bala, uma vendedora de inhames de 50 anos, descreveu como escapou: "Fugi só com a roupa interior. Tudo o que tenho agora foi-me emprestado.”
A época das chuvas na Nigéria, o país mais populoso de África, dura habitualmente seis meses e traz consigo inundações recorrentes, agravadas por uma infraestrutura deficiente, construção em zonas de risco e obstrução dos canais de drenagem. A Agência Nacional de Gestão de Emergências (NEMA) alertou que fenómenos como este são exacerbados pelas alterações climáticas e pelo crescimento urbano desordenado. "Este trágico incidente é um alerta para os perigos de construir em leitos de rio e da importância de manter os canais de escoamento desobstruídos”, referiu a agência em comunicado.
A Agência Meteorológica Nigeriana já havia alertado para o risco de cheias súbitas em 15 dos 36 estados do país, incluindo o estado do Níger. Em 2022, as inundações mataram 600 pessoas — as piores da última década — e, no ano passado, até setembro, tinham morrido pelo menos 269. Em 2024, os números já ultrapassam os 1.200 mortos e 1,2 milhões de deslocados, em 31 estados, tornando este ano um dos mais dramáticos em termos de cheias no país.