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Huíla: Protestos contra aumento de combustíveis e propinas

15 de julho de 2025

Os angolanos de Huíla são chamados a protestar, este sábado, contra o aumento do preço dos combustíveis e a subida de 20% nas propinas. Em comunicado, os organizadores afirmam que "o Governo angolano foi longe demais".

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Manifestantes seguram cartazes durante um protesto contra o aumento dos preços dos combustíveis e dos transportes em Luanda, a 12 de julho de 2025
A concentração está marcada para as 11h00, no Jardim da Sé CatedralFoto: Julio Pacheco Ntela/AFP

A Sociedade Civil da Província da Huíla, em conjunto com o Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), promove uma marcha de protesto contra o aumento do preço dos combustíveis e a subida de 20% nas propinas no próximo sábado (19.07) .

Em comunicado, os organizadores afirmam que "o Governo angolano foi longe demais", sublinhando "não poderem continuar a permitir que uma minoria destrua as nossas vidas". A concentração está marcada para as 11h00, no Jardim da Sé Catedral, na cidade de Lubango.

Em declarações à DW, o ativista Benjamim João, que é também um dos organizadores da marcha, afirma que o protesto pretende dar voz ao descontentamento popular e apela a uma postura pacífica, tanto por parte dos manifestantes como da polícia.

DW África: Qual o objetivo desta marcha?

Benjamim João (BJ): Marcámos a manifestação do dia 19 para dizer ao Governo do MPLA que não estamos satisfeitos com a subida do preço do combustível — e não só. A mesma manifestação tem a ver com a subida das propinas. O índice das propinas está muito elevado.

Manifestantes seguram cartazes durante um protesto contra o aumento dos preços dos combustíveis e dos transportes em Luanda, a 12 de julho de 2025
As ruas da capital angolana, Luanda, foram inundadas no sábado (12.07) em protesto contra o aumento do preço dos combustíveis e do táxi. Segundo os promotores da manifestação, houve vários feridosFoto: Julio Pacheco Ntela/AFP

DW África: Que medidas estão a ser tomadas para evitar a presença de elementos infiltrados ou atos de vandalismo durante a manifestação?

BJ: Já recebemos várias mensagens de alguns efetivos do Serviço de Inteligência e Segurança de Estado (SINSE) a perguntar sobre as manifestações e tudo mais. Mas nós estamos aqui a precaver que tudo será normalizado e tudo será conforme planeámos. Será uma manifestação baseada apenas no descontentamento. Nós esperamos que a própria polícia não haja como agiu em Luanda, porque há já alguns indícios de muitos feridos — embora aleguem que foram dois — mas foram muitos. Então, estamos aqui a precaver tudo isso para que a polícia não haja da mesma maneira que agiu em Luanda.

DW África: Tendo em conta precisamente os acontecimentos de 12 de julho em Luanda, como pretendem evitar confrontos e garantir uma manifestação pacífica?

BJ: Nós estamos a garantir que as pessoas venham com o bom ânimo de querer manifestar-se, de querer demonstrar o seu descontentamento. Então, acho que a maior parte fica do lado da própria polícia — que não haja como agiu em Luanda. Só pedimos ao comissário Divaldo Martins que mobilize bem as suas forças, que não batam nas pessoas, porque se não baterem nas pessoas, as pessoas também não vão reagir de outra maneira.

Manifestação em Luanda contra a subida dos preços dos combustíveis e dos transportes públicos. A manifestação foi reprimida pela polícia com gás lacrimogéneo e balas de borracha, 12 de julho de 2025
Os promotores manifestam preocupação face à possibilidade de repressão por parte das autoridades e apelam a uma postura pacífica, tanto por parte dos manifestantes como da políciaFoto: Manuel Luamba/DW

DW África: Quantas pessoas esperam reunir no Jardim da Sé Catedral?

BJ: Não temos um número exato de pessoas, mas estamos a mobilizar vários elementos para participarem na manifestação. Mas, graças a Deus, já há um número positivo. Não podemos aqui dizer mais. Será uma manifestação mesmo baseada naquilo que planeámos.

DW África: De que forma o recente aumento dos preços dos combustíveis e o aumento de 20% nas propinas têm afetado, em particular, os residentes da Huíla?

BJ: Tem afetado bastante. Só para dizer que, neste momento, já não há combustível nas bombas. Temos comprado por litro, e um litro, praticamente, na rua custa entre 1.000 a 1.500 kwanzas. Tem sido uma trajetória difícil. Quanto às propinas, praticamente, não sei como é que o Governo tem gerido, mas a situação está mesmo má. As propinas têm subido e as pessoas ganham mal, com um índice elevado de desemprego. Então, está difícil.

DW África: Que apelo quer deixar?

BJ: O único apelo que deixo é que a polícia, no dia 19, haja com prudência e que não haja nenhuma arruaça por parte deles, e também que não haja arruaça por parte de alguns membros que venham a participar na manifestação.

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