Governo moçambicano admite intervir para travar protestos
21 de fevereiro de 2025"Medidas coercivas têm estado a ser cogitadas, mas não priorizadas, estamos a priorizar medidas de caráter social, económica, mais persuasivas e ambientalistas que permitam que as pessoas intervenham positivamente na pacificação do país, mas não estão descartadas [as medidas persuasivas]", declarou o porta-voz do Governo, Inocêncio Impissa.
Em conferência de imprensa em Maputo, para apresentar mais um balanço das atividades dos primeiros cem dias de governação, o responsável voltou a criticar as vandalizações e destruições de infraestruturas públicas e privadas durante protestos, afirmando que prejudicam as comunidades.
"Nós julgamos que devem ser tomadas medidas para repelir as manifestações sempre que elas ganharem proporções difíceis (...)em momentos específicos e em contextos específicos. No entanto, vai-se evitar o máximo", repetiu Inocêncio Impissa, insistindo que por enquanto o Governo tem apostado em medidas "persuasivas e dissuasivas".
Moçambique vive desde outubro um clima de forte agitação social, com manifestações e paralisações convocadas, primeiro, pelo então candidato presidencial Venâncio Mondlane, que rejeita os resultados eleitorais.
Nos últimos meses,a agitação culminou, por diversas vezes, com confrontos entre manifestantes a polícia, com feridos e vítimas mortais dos dois lados.
Atualmente, os protestos, em pequena escala, têm ocorrido em diferentes pontos do país e, além da contestação aos resultados, os populares queixam-se do aumento do custo de vida e de outros problemas sociais.
Desde outubro, pelo menos 327 pessoas morreram, incluindo dezenas de menores, e cerca de 750 foram baleadas durante os protestos, de acordo com a plataforma eleitoral Decide, organização não-governamental que acompanha os processos eleitorais.