General Brice Nguema vence eleições presidenciais no Gabão
14 de abril de 2025O líder da junta militar obteve um resultado sem margem para dúvidas: "Eleito, com a maioria absoluta desta votação, com 575.222 votos, ou seja, 90,35%, o Sr. Brice Clotaire Oligui Nguema."
Os resultados provisórios foram anunciados ao inicio da noite deste domingo (13.04) pelo presidente da Comissão de Eleições e ministro do Interior do Gabão, Hermann Immongault, quando havia ainda alguns votos por contar, mas nada que mude o destino eleitoral.
Brice Clotaire Oligui Nguema, general de 50 anos, derrotou o antigo primeiro-ministro Alain Claude Bilie-By-Nze, que reuniu apenas 3% dos votos, enquanto os restantes seis candidatos presidenciais não ultrapassaram 1%.
O Ministério do Interior anunciou ainda uma afluência às urnas de 87,21% nas eleições presidenciais de sábado (12.04), em que cerca de 920.000 eleitores, incluindo mais de 28 mil estrangeiros, estavam registados para participar em mais de 3 mil assembleias de voto.
Um novo capítulo para o Gabão
Na hora de comemorar a vitória nas eleições, o próximo Presidente do Gabão, Brice Oligui Nguema, falou num novo capítulo para o país.
"Temos de virar a página das eleições presidenciais. O nosso país continua a desenvolver-se. Convido-vos a retomar as vossas atividades profissionais nesta 5ª República que chamamos com todos os nossos desejos. Sejamos construtores, construtores de paz e de justiça. Obrigado por esta grande vitória", declarou o general.
"Já há muito tempo que não votava, mas desta vez vi uma réstia de esperança ou algo que me fez ir votar", disse um eleitor. "A minha voz contou, de facto. O meu voto contou, por isso estou muito, muito feliz com isso.", acrescentou outro.
"Antes, nem sequer podíamos sair à rua. Houve tiros, a Internet foi cortada e as lojas foram saqueadas. Mas desta vez, tudo correu muito bem, sem quaisquer problemas", elogia outro gabonês.
"O que eu espero do futuro do Presidente eleito é que ele continue o que começou a fazer. Em menos de dois anos, ele já fez muito. Por isso, gostaríamos que ele fizesse mais, como disse, como prometeu", apela ainda um eleitor.
Fim da dinastia Bongo
Estas eleições presidenciais formalizam constitucionalmente o fim da dinastia Bongo, que estava no poder desde 1967.
Independente da França desde 1960, o Gabão passou a ser governado desde 1967 pela família Bongo: primeiro por Omar Bongo (1967-2009) e depois pelo filho, Ali Bongo (2009-2023).
O brigadeiro-general Brice Oligui Nguema liderou o golpe que destituiu o primo, Ali Bongo, a 30 de agosto de 2023, no mesmo dia em que foram anunciados os resultados oficiais das eleições presidenciais desse ano.
Na altura, os militares justificaram o derrube de Ali Bongo com a manipulação e falta de credibilidade do escrutínio, e Oligui Nguema, em vez de apelar a uma análise independente da contagem dos votos para reconhecer o vencedor legítimo, decidiu autonomear-se Presidente de transição.
Apesar da riqueza petrolífera de que dispõe e do rendimento per capita de 8 mil euros, um dos mais elevados de África, a taxa de desemprego é de 30% e, segundo a ONU, 44,7% da população vive abaixo do limiar de pobreza.