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TerrorismoTerritório Ocupado da Palestina

Hamas admite libertar reféns, Israel ordena novas evacuações

nn | com agências
29 de março de 2025

O Hamas admite libertar reféns durante o Eid al-Fitr se Israel aceitar um cessar-fogo. A proposta surge numa altura de protestos em Gaza e a ameaça de uma nova ofensiva israelita no sul do enclave.

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As Nações Unidas alertaram para o agravamento da crise humanitária: só na última semana, mais de 142.000 pessoas foram deslocadas devido à intensificação dos combatesFoto: Ramadan Abed/REUTERS

Hamas manifestou-se disponível para libertar "um pequeno número de reféns", caso Israel aceite um cessar-fogo durante o feriado muçulmano de Eid al-Fitr, que marca o fim do Ramadão e que deverá ocorrer entre domingo (30.03) e segunda-feira (31.03).

Segundo fontes ligadas às negociações, entre os reféns cuja libertação estaria em cima da mesa encontra-se o soldado israelo-americano Edan Alexander, de 21 anos, cuja libertação tem sido exigida pelo Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

O porta-voz do gabinete político do Hamas, Bassem Naim, confirmou que as conversações mediadas pelo Egito, Qatar e Estados Unidos se intensificaram nos últimos dias. "Esperamos que nos próximos dias haja um verdadeiro avanço no cenário de guerra”, afirmou.

O eventual cessar-fogo surge num momento de forte contestação interna ao Hamas. Nos últimos dias, milhares de palestinianos saíram à rua em vários pontos da Faixa de Gaza, exigindo o fim da guerra e a saída do grupo do poder. "Basta, queremos o Hamas fora!”, "Parem a guerra!” e "Queremos as nossas vidas de volta!” foram alguns dos slogans ouvidos nas manifestações em Beit Lahia e Shujaiya, na cidade de Gaza.

O conflito entre Israel e o Hamas já provocou mais de 50.200 mortos desde o início da guerra, a 7 de outubro de 2023, após um ataque coordenado de milícias palestinianas que vitimou cerca de 1.200 israelitas. Na sequência desse ataque, cerca de 250 pessoas foram feitas reféns. Atualmente, estima-se que ainda existam 59 reféns em Gaza, embora se calcule que pelo menos 20 já tenham morrido.

Para quem vão os louros do cessar-fogo na Faixa de Gaza?

Apesar dos esforços diplomáticos em curso, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana acusou Israel de usar a ofensiva militar como forma de reforçar a sua posição nas negociações. Em comunicado citado pela agência WAFA, o ministério denunciou "a morte deliberada de civis palestinianos” e apelou à comunidade internacional para agir. "A ligação destas mortes às negociações de cessar-fogo de Israel é uma armadilha injustificada, sangrenta e colonial”, afirmou. 

Novos avisos de evacuação

Entretanto, as Forças de Defesa de Israel (IDF) emitiram este sábado (29.03) novos avisos de evacuação para zonas no sudeste da Faixa de Gaza, incluindo Abbasan, Al Qarara e Khirbet Khuza, alegando que milícias palestinianas estão a usar áreas civis para lançar foguetes. O porta-voz militar israelita, Avichay Adraee, apelou aos civis para se deslocarem para a zona costeira de Mawasi, designada por Israel como "ponto humanitário”. No entanto, Mawasi também tem sido alvo de bombardeamentos e acolhe atualmente milhares de deslocados em condições precárias, sem acesso regular a eletricidade ou água.

Desde o fim do último cessar-fogo, a 18 de março, cerca de 920 palestinianos foram mortos em ataques israelitas. Só nas últimas horas, pelo menos 14 pessoas morreram em várias zonas do enclave, segundo fontes médicas e de segurança locais.

As Nações Unidas alertaram para o agravamento da crise humanitária: só na última semana, mais de 142.000 pessoas foram deslocadas devido à intensificação dos combates.

Enquanto os esforços diplomáticos continuam, o terreno mantém-se em ebulição, com a população civil a suportar o peso de mais um capítulo deste conflito prolongado.

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