Gana: Militares sob escrutínio após alegados abusos
30 de março de 2025Embora o exército do Gana seja considerado uma das forças armadas mais estáveis e disciplinadas da África Ocidental, as ações repetidas de alguns soldados estão a dar má fama ao exército.
Em meados de março, mulheres, crianças e idosos da cidade de Bawku disseram que os soldados do 11º Batalhão Mecanizado os tinham espancado. À DW, Thomas Anaba, um deputado local, confirmou o incidente.
"Os homens foram atacados, as mulheres foram atacadas, os velhos foram atacados e até lhes partiram os membros, as propriedades foram destruídas”, adiantou.
A imprensa local reporta que o incidente ocorreu depois de um oficial militar ter sido baleado e morto por atiradores desconhecidos. Mas Thomas Anaba considera que isso não justifica a atuação do militares.
"Se um militar é morto e não se sabe quem o matou, não se deve andar por aí a bater em toda a gente, isso não é justiça”, frisou.
O Presidente do Gana, John Mahama, apelou à contenção dos militares e condenou o assassínio do soldado, num contexto de crescente exigência de uma investigação.
Mas os ataques de retaliação por parte dos militares não são novidade no Gana. Desde 2021, já foram reportados muitos casos de ataques dos militares às comunidades ganesas. Várias pessoas ficaram feridas.
O analista de segurança Adib Sani afirma que os autores dos crimes raramente são responsabilizados pelos seus atos.
"Quando se olha mais a fundo, percebe-se que muitos soldados acreditam que o uniforme lhes dá imunidade”, lamenta.
Na maioria dos casos, a unidade militar retalia quando um civil ataca um soldado, acrescenta Sani.
"É muito preocupante porque, gradualmente, estamos a aceitar isto como uma norma. É muito preocupante porque a prática é inconsistente com as nossas leis [ganesas]”, apontou.
Legisladores de seis círculos eleitorais da região do Alto Oriente apelaram a uma investigação e a sanções contra os soldados envolvidos.
Nem as Forças Armadas do Gana, nem o Coordenador da Segurança Nacional, nem os Ministros da Defesa e do Interior não comentaram os casos até à data.