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G-20 discute alívio da dívida de países africanos

Daniel Pelz | Lusa | af
13 de novembro de 2020

Os ministros das Finanças das 19 maiores economias do mundo reúnem-se esta sexta-feira para discutir o alívio da dívida africana, que continua a agravar-se devido aos efeitos socioeconómicos da pandemia de Covid-19.

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Foto: picture-alliance/dpa/AFP Creative

A consultora Eaglestone estimava, em janeiro deste ano, que o nível de endividamento dos países africanos face ao Produto Interno Bruto (PIB) tinha duplicado na última década.

De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), os Estados africanos precisam de quase 410 mil milhões de euros para pagar todas as dívidas estrangeiras até 2023.

Nos países de língua oficial portuguesa, com o alívio da dívida pelo G20, Angola poderá poupar cerca de 5,3 mil milhões de euros até 2023. Espera-se que até ao final do ano a dívida do país cresça para mais de 120% do PIB.

O FMI estima que a suspensão do pagamento do serviço da dívida permita poupar oito milhões de euros no Orçamento cabo-verdiano de 2020, equivalente a 0,5% do PIB. Devido à pandemia de Covid-19, o Governo cabo-verdiano prevê para 2020 uma recessão económica que poderá oscilar entre os 6,8% e os 8,5%. 

Pandemia agravou situação

Muitos países africanos andam "sufocados" para pagar as dívidas públicas juntos dos credores. A situação agravou-se com a pandemia do novo coronavírus e muitas economias estão a entrar em colapso. 

Jürgen Kaiser
Jürgen Kaiser apela ao envolvimento de doadores privadosFoto: Gökcen Bürlükkara

Jürgen Kaiser, coordenador da rede alemã erlassjahr.de, alerta que, sem dinheiro, "os Estados deixariam de desempenhar funções elementares de segurança, educação e cuidados de saúde. Em última análise significa que muitas pessoas já não veem um futuro nos seus países de origem."

Algumas matérias-primas viram os preços em queda no mercado internacional por causa da Covid-19. "Temos um fator importante que afeta países como Angola, Gabão ou a República do Congo: é a queda do preço do petróleo. Eles queriam reembolsar os empréstimos através da venda de recursos minerais, mas depois veio o coronavírus", analisa Jürgen Kaiser.

Sem reservas nem serviços sociais

Os países mais pobres estão a ser duramente atingidos. Muitos não têm reservas e os serviços sociais estatais nem existem.

FMI recomenda:"Não escondam as dívidas como Moçambique"

Adriano Nuvunga, coordenador do Fórum de Monitoria do Orçamento, plataforma da sociedade civil que conta com mais de 20 organizações, considera "importantíssimo" o perdão da dívida. "Se Moçambique tivesse que tirar esse dinheiro para fazer o pagamento, estaria com a situação de contas muito mais complicada", diz.

Em matéria de prioridades, "o setor da proteção social tem de ser chave", sublinha Nuvunga. "Tem de se encontrar maneiras de dar bolsa-família às famílias mais vulneráveis que desde o início do coronavírus não receberam qualquer apoio."

FMI e Banco Mundial prometem ajuda

Os países da África subsaariana mais endividados precisam de 260 mil milhões de dólares até 2021 para pagar a dívida, calcula o Instituto Financeiro Internacional (IFI), representante dos credores privados a nível mundial.

Angola, Burundi, Libéria, Malawi, Níger, Moçambique e Zâmbia precisam todos de financiamento que excede os 20% do PIB, alertam os analistas.

O FMI e o Banco Mundial já prometeram ajuda a alguns Estados. O G20 permite que 73 países particularmente endividados suspendam os reembolsos até ao final de junho de 2021.

Este é um primeiro passo diz David Malpass, chefe do Banco Mundial. "A moratória ajuda muito, mas apenas adia os pagamentos. Mas alguns países precisam de um alívio substancial da dívida", conclui.

Lusa Agência de notícias