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FMI quer consolidação orçamental acelerada em Angola

25 de fevereiro de 2025

O processo de consolidação orçamental em Angola está a desacelerar e o Fundo Monetário Internacional (FMI) quer uma consolidação adicional de, pelo menos, um ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB) anualmente.

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Navio flutuante de produção, armazenamento e descarga da Total, a cerca de 250 km da costa de Angola
"O aumento da mobilização das receitas não petrolíferas é fundamental", recomenda o FMIFoto: AFP via Getty Images

Vitor Lledo falava em conferência de imprensa em Luanda, após terem sido apresentadas as conclusões da última análise a Angola do FMI, no âmbito do artigo IV, que aponta a necessidade de regressar à consolidação orçamental "para reforçar os amortecedores orçamentais e criar espaço para as necessidades de desenvolvimento".

Em declarações aos jornalistas, o responsável afirmou que houve avanços em 2024, com aceleração do crescimento económico, sinais de declínio da inflação e redução da dívida externa, mas sublinhou que "Angola tem necessidades de financiamento muito elevadas", lembrando que o serviço da dívida compromete mais de 30% das receitas não petrolíferas, "roubando" espaço fiscal para outras despesas prioritárias.

Sobre o relatório que deverá sair nas próximas semanas destacou a importância da consolidação orçamental para que seja possível gerar os amortecedores necessários para que Angola aumente a sua resiliência perante choques externos.

"A nossa observação é que esse processo de consolidação está desacelerando", salientou, acrescentando que uma das recomendações do relatório relativamente ao orçamento de 2025 e ao quadro fiscal de médio prazo passa por uma consolidação adicional, por ano, de pelo menos um ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB).

Logotipo do Fundo Monetário Internacional (FMI)
Do lado positivo, o FMI destacou os preços do petróleo mais elevadosFoto: Thomas Trutschel/photothek/picture alliance

Mobilizar receitas não petrolíferas

A proposta que consta no relatório do FMI passa por um ajuste adicional, sobretudo do lado das despesas de investimento, onde há margem para uma maior racionalização, mas no médio prazo o objetivo é que esse esforço adicional venha principalmente do lado das receitas não petrolíferas.

"O aumento da mobilização das receitas não petrolíferas é fundamental, não só para a consolidação, mas também para criar o espaço fiscal necessário para atacarmos todos os deficits de desenvolvimento que Angola observa", referiu Vitor Lledo.

Do lado das receitas tributárias, o FMI defende um alargamento da base do IVA e prosseguimento dos esforços de arrecadação face ao elevado nível de informalidade na economia.

"Alguns estudos apontam inclusive acima de 80%, o que gera um potencial de arrecadação muito forte também, na medida que nós adotamos políticas tributárias e políticas de gestão da receita tributária que facilitem a formalização da economia", sugere Vitor Lledo.

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Retirada de subvenções aos combustíveis

O responsável do FMI abordou também o tema da retirada de subvenções aos combustíveis, que reconheceu ser desafiante e que deve ser combinado com medidas de mitigação para apoiar as famílias mais vulneráveis.

O Executivo angolano através do ministro de Estado para a Coordenação Económica, José de Lima Massano, afirmou que continua empenhado na eliminação gradual dos subsídios aos combustíveis, embora não pretenda eliminá-los por completo em 2025.

A análise do FMI, divulgada na segunda-feira, sublinha que o elevado serviço da dívida externa limita as despesas de desenvolvimento e a dependência do petróleo continua a ser um obstáculo ao crescimento sustentável.

"O risco de liquidez poderá intensificar-se caso as condições de financiamento se deteriorem, reduzindo ainda mais as despesas sociais e exercendo pressões sobre a taxa de câmbio", alertam ainda os economistas do FMI, que temem que um início antecipado do ciclo político, face a eleições presidenciais marcadas para 2027, possa abrandar a implementação das reformas económicas.

Do lado positivo, o FMI destacou os preços do petróleo mais elevados, as repercussões positivas de uma maior flexibilização da política monetária mundial e reforço do Investimento Direto Estrangeiro não petrolífero, nomeadamente através do desenvolvimento do Corredor do Lobito, poderão melhorar as perspetivas a médio prazo.

Lusa Agência de notícias