Fim dos "lotadores" em Angola? "É uma má ideia"
20 de agosto de 2025A Polícia angolana acusa os lotadores de atuarem de forma ilegal e de extorquirem os proprietários dos táxis, muitas vezes, com recurso a ameaças e agressões físicas. Além disso, considera que eles estiveram no centro dos tumultos durante a greve dos taxistas, no final de julho.
É por isso que as autoridades angolanas ponderam agora "desativar" os lotadores no país.
Mas José Filipe, lotador há mais de seis anos, garante que a tese da polícia não corresponde à verdade: "Não, não é verdade, porque o lotador sabe que sobrevive do dinheiro da lotação. Ele não pode incentivar a confusão."
"Se nos tirarem daqui, vamos para onde?"
André Fonseca, outro lotador ouvido pela DW África, pede às autoridades que reconsiderem essa intenção, uma vez que o sustento de muitas famílias depende desta atividade.
"Não faz sentido acabar com os lotadores, porque nós sobrevivemos disso. Há pessoas que cuidam da sua família através da lotação. Se nos tirarem daqui, vamos para onde?", questiona André Fonseca.
José Filipe admite que há alguns lotadores que têm atuado de forma menos correta com os motoristas.
No entanto, o lotador apela às autoridades governamentais: "Não podemos entrar em pânico ou incentivar discussões com os motoristas, porque já estivemos no mundo do roubo e construímos uma nova vida na lotação."
A emenda pode ser pior
André Fonseca acredita que, se a desativação dos lotadores se concretizar, poderá haver um aumento da criminalidade e a deterioração da situação financeira de muitas famílias que dependem desta atividade.
"Se pararem com isso, estas pessoas vão voltar a 'mexer'", afirma.
Para o psicopedagogo Nelson Clinton, em vez de pensar na desativação dos lotadores das paragens de táxis, as autoridades deveriam regulamentar a atividade. "Isso significa que só pessoas autorizadas exercem essa função", explica.
Clinton diz que essa medida ajudaria a aumentar a empregabilidade e garantiria que esses cidadãos contribuem com impostos para o Estado.