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Conflito entre Coreias terminará ainda este ano

Lusa | EFE | Reuters | AP | Gustav Hofer
27 de abril de 2018

Começou com boa disposição e um aperto de mão histórico entre os líderes das Coreias. Terminou com o compromisso de pôr fim ao conflito entre os dois países, que estavam tecnicamente em guerra desde 1953.

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Korea-Gipfel 2018
Foto: Reuters

No culminar do encontro histórico, as Coreias comprometeram-se a cooperar no processo de desnuclearização e no estabelecimento de uma "paz permanente" na península.

"Hoje, o Presidente Kim Jong-Un e eu confirmamos o objetivos de ter uma península livre de armas nucleares. A partir deste momento, declaro que as Coreias do Sul e do Norte vão cooperar juntas no sentido de uma completa desnuclearização da Península da Coreia", afirmou Moon Jae-in.

Moon Jae-in anunciou ainda o fim do conflito que durava há décadas. "Também concordamos que vamos terminar com armistício que era instável e estabelecer um clima de paz sólido e permanente entre os países, através de uma declaração de fim de guerra e de um Tratado de Paz", declarou.

Korea-Gipfel 2018
Encontro decorreu num anbiente de boa disposição entre os líderesFoto: Getty Images

O líder norte-coreano, Kim Jong-un, quis reforçar que este acordo não terá o mesmo fim de outros realizados anteriormente, comprometendo-se a comunicar com os vizinhos do sul.

"Hoje, vamos assegurar que o acordo a que chegamos, tão aguardado pelos cidadãos desta península e pelo mundo, não será mais um entre promessas que não foram cumpridas, através de boa comunicação e cooperação um com o outro, de forma a obter bons resultados", assegurou KimJong-un.

Visitas mútuas

Durante a manhã do encontro desta sexta-feira (27.04), o líder da Coreia do Norte já tinha dado provas de abertura face à aproximação dos dois países, mostrando-se disponível para visitar o palácio presidencial do seu homólogo do Sul, em Seul.

"Irei à Casa Azul a qualquer momento se me convidar", afirmou o líder da Coreia do Norte, de acordo com o porta-voz sul-coreano Yoon Young-chan. Entretanto, também o Presidente da Coreia do Sul já fez saber que visitará Pyongyang no outono deste ano.

Conflito entre Coreias terminará ainda este ano

O primeiro encontro entre Kim Jong-un e Moon Jae-in decorreu na "Casa da Paz”, junto à fronteira entre os dois países. Na agenda estavam a paz na península e o fim dos exercícios nucleares da Coreia do Norte. Além de ser o primeiro encontro os dois, é o terceiro entre líderes coreanos em 65 anos, desde o fim da Guerra da Coreia, em 1953.

Esta reunião surge no seguimento de uma tentativa de aproximação que começou com a participação norte-coreana nos Jogos Olímpicos de inverno na cidade sul-coreana de Pyeongchang, que decorreu em janeiro de 2018. Durante o evento, Kim Yo-jong, a irmã mais nova de Kim Jong-un, entregou uma mensagem do líder de Pyongyang onde se manifestava o desejo para um encontro. 

Sul-coreanos divididos

Apesar do acontecimento ser encarado internacionalmente como positivo, não há consenso entre a população sul-coreana, tendo havido manifestações contra e favor, na Coreia do Sul.

"Vim cá porque estava muito chateada. A República da Coreia está a tornar-se comunista. Estamos aqui para protestar contra este encontro entre as Coreias", explica Choi Young Suk, uma das manifestantes contra o evento.

Kim Jong Un und Moon Jae In pflanzen Baum
Um dos momentos simbólicos: líderes coreanos plantaram um pinheiro "pela paz"Foto: picture alliance/AP Photo/Korea Summit Press Pool

Por outro lado, uma jovem cidadã sul-coreana descreve que o encontro de hoje a emocionou. "De repente, comecei a chorar quando o líder da Coreia do Norte veio cá para se encontrar com o Presidente Moon Jae-in e passou a zona de demarcação militar. Não sei porque comecei a chorar mas foi um momento que me tocou bastante”, conta Kim Myung-Shin.

Reações mundiais

A China aplaudiu o "momento histórico" que pode criar uma nova oportunidade para a estabilidade na península coreana. A China "aprecia a coragem e determinação" demonstradas pelo Presidente sul-coreano e pelo líder norte-coreano, afirmou a porta-voz da diplomacia chinesa, Hua Chunying.

Os Estados Unidos da América manifestaram esperança de que a cimeira conduza a "um futuro de paz". "Esperamos que as conversações permitam caminhar para um futuro de paz e de prosperidade para toda a península coreana", declarou a Casa Branca em comunicado.

O Presidente norte-americano também saudou o "encontro histórico" entre os líderes da Coreia do Norte e da Coreia do Sul depois de "um ano furioso de lançamentos de mísseis e de testes nucleares". "Estão a acontecer coisas positivas, mas só o tempo o dirá", escreveu Trump no Twitter. 

Do Japão, o primeiro ministro, Shinzo Abe, espera que sejam "tomadas medidas concretas" no seguimento deste encontro e diz que vai estar atento à conduta da Coreia do Norte, juntamente com os EUA e a Coreia do Sul.

"Os Estados Unidos, a Coreia do Sul e o Japão vão estar a coordenar de perto, antes da cimeira entre os norte-americanos e os norte-coreanos", afirmou Shinzo Abe. Em março deste ano, Trump concordou encontrar-se com o líder norte-coreano, mas ainda não há data definida para o evento.

O Kremlin reagiu à "notícia muito positiva" relativamente à paz entre as duas Coreias. O Presidente russo, Vladimir Putin, "sublinhou repetidas vezes que uma solução viável e estável da situação na península coreana só podia basear-se no diálogo direto e hoje vemos que o diálogo direto se realizou", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov. 

O secretário-geral da NATO disse que a Aliança Atlântica apoia plenamente uma solução política para a tensão na península da Coreia. "Acolhemos com agrado os progressos feitos hoje e os compromissos que os dois líderes fizeram para resolver os problemas de forma pacífica", comentou Jens Stoltenberg em conferência de imprensa.

Lusa Agência de notícias
EFE Agência de notícias
Reuters Agência de notícias
AP Agência de notícias