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EducaçãoGuiné-Bissau

Falta de professores compromete ano letivo na Guiné-Bissau

5 de fevereiro de 2025

Faltam professores na Guiné-Bissau para ensinar os mais de 368 mil alunos inscritos nas escolas públicas do país. A situação não é nova no setor e gera preocupação.

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Escola em Bissau
Greves e falta de professores deixam alunos sem aulasFoto: Djariatú Balde/DW

A Guiné-Bissau enfrenta um défice de professores nas escolas públicas, afetando mais de 368 mil alunos. Para garantir a continuidade do ano letivo, são necessários mais de 5.000 novos docentes, mas o Ministério da Educação, Ensino Superior e Investigação Científica só consegue contratar 3.466 neste momento.

Os alunos temem que o ano letivo, que já se encontra no segundo trimestre, possa ser comprometido. Além disso, a educação no país tem sido marcada por sucessivas greves.

Terminou esta quarta-feira mais uma paralisação nas escolas públicas e hospitais, convocada pela Frente Social, organização que representa sindicatos dos dois setores.

As reivindicações mantêm-se: pagamento de salários em atraso a novos contratados da educação e saúde, efetivação na função pública e melhores condições de trabalho. No entanto, segundo constatou a DW, a paralisação não teve grande impacto, com escolas e hospitais a funcionar sem grandes constrangimentos.

Manifestação de estudantes guineenses

A preocupação principal dos alunos agora é a falta de professores nas salas de aula. O secretário-geral da Confederação Nacional das Associações Estudantis da Guiné-Bissau (CONAEGUIB), Augusto Na Psau, expressou grande preocupação com a situação:

"Na ausência dos professores, os alunos não terão a possibilidade de aprender. Perdemos já um trimestre e não conseguiremos recuperar os dias letivos perdidos. Os alunos serão cada vez mais prejudicados", disse.

Défice de docentes

O Diretor-Geral dos Recursos Humanos do Ministério da Educação, Moisés da Silva, admite o défice de docentes, sobretudo nas disciplinas de Física, Matemática, Biologia e Química. Segundo ele, o governo está a tomar medidas para resolver o problema ainda este mês:

"As escolas estão com falta de professores, mas já estamos a trabalhar para resolver a situação. Precisamos de reforço principalmente nas disciplinas científicas", afirmou.

Ministério da Educação e Ensino Superior
Guiné-Bissau: Governo não consegue contratar professoresFoto: Djariatú Balde/DW

Um relatório do Ministério da Educação, a que a DW teve acesso, revela que, até dezembro passado, o país tinha 11.746 docentes na folha de pagamento, dos quais 976 não estão ativos – seja por deslocação para o estrangeiro, problemas de saúde ou abandono do serviço.

Para salvar o ano letivo, o Governo precisa contratar mais de 5.000 professores do Pré-Escolar ao Ensino Superior. No entanto, devido a limitações financeiras, apenas 3.466 docentes poderão ser recrutados. Moisés da Silva explica que a prioridade será readmitir professores que já trabalharam no ano anterior para minimizar o impacto da falta de pessoal:

Moisés da Silva
Moisés da Silva, Diretor Geral dos Recursos Humanos do Ministério da educaçãoFoto: Djariatú Balde/DW

"Chegámos à conclusão de que vamos solicitar ao Governo o cabimento de verbas para poder colocar os professores que trabalhavam no ano passado para colmatar essas lacunas. A primeira medida é a confirmação dos professores para que sejam colocados", explicou.

A crise no setor da educação não é recente. Há mais de 10 anos que as escolas públicas enfrentam greves, ausência de professores e falta de condições adequadas para o ensino.

O especialista em educação Luís António Blak alerta para os efeitos negativos desta situação na aprendizagem dos alunos e no futuro do país:

"Se olharmos para as crianças e as escolas praticamente desertas, percebemos que vamos pagar por isso no futuro. É urgente que o Ministério da Educação faça um levantamento sério das necessidades imediatas e colmate essa lacuna", alertou.

Qual é o impacto das greves na Guiné-Bissau?

Djariatú Baldé Correspondente da DW África em Bissau