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PolíticaEstados Unidos

Europa reafirma apoio a Ucrânia: "Não estão sozinhos"

DW (Deutsche Welle) | rl | com agências
1 de março de 2025

Confronto verbal entre Zelenskyy e Trump na Casa Branca desencadeou onda de apoio a Kiev de líderes europeus. Zelensky rejeita dever pedido de desculpas a Trump. Reunião pode mudar relação da Europa com EUA?

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Encontro entre Zelensky e Trump na Casa Branca, Fevereiro de 2025
Presidente ucraniano deslocou-se a Washington para assinar acordo sobre minerais, o que acabou por não acontecerFoto: Jim LoScalzo/CNP/ZUMA Press/IMAGO

Os presidentes da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, do Conselho Europeu, António Costa, e do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, expressaram apoio ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, após a acesa discussão, desta sexta-feira (28.02), com o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na Casa Branca.

"Seja forte, seja corajoso, não tenha medo. Não está sozinho, caro Presidente Zelensky", disseram numa mensagem conjunta nas redes sociais, os presidentes das três principais instituições da União Europeia (UE).

Na mesma ocasião, afirmaram que continuarão "a trabalhar para uma paz justa e duradoura".

As mensagens de apoio a Kiev começaram a ser publicadas minutos depois de Zelensky abandonar a Casa Branca, após uma reunião com Trump na Sala Oval, perante a comunicação social, que foi uma sessão pública de insultos e ameaças sem precedentes.

O Presidente ucraniano tinha-se deslocado a Washington para a assinatura de um acordo sobre os minerais, hidrocarbonetos e infraestruturas ucranianas, que acabou por não se realizar.

Reunião muda visão que aliados têm dos EUA

Em entrevista à DW, Rachel Rizzo, membro sénior não residente do Centro Europeu do Conselho Atlântico, afirma que a tensa reunião entre os dois Presidentes levará os líderes europeus a questionar que tipo de aliado os Estados Unidos podem continuar a ser.

"Penso que os aliados e parceiros norte-americanos, especialmente após as visitas de alto nível da administração Trump à Europa nas últimas semanas, estão realmente a pôr em causa o tipo de parceiro que os Estados Unidos são", disse à DW. 

"Isto vai criar um cenário em que aliados e parceiros de longa data vão agora olhar para países fora dos Estados Unidos e penso que isso enfraquece os EUA na cena global", acrescentou Rizzo.

A alta representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança, Kaja Kallas, fez eco desta convicção: "Hoje, tornou-se claro que o mundo livre precisa de um novo líder. Cabe-nos a nós, europeus, aceitar este desafio".

"Vamos reforçar o nosso apoio à Ucrânia para que possa continuar a lutar contra o agressor", disse.

Líderes europeus elogiam Zelensky

Às mensagens de apoio dos presidentes da Comissão Europeia, Conselho Europeu e Parlamento Europeu à Ucrânia, juntaram-se as de muitos líderes.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, afirmou, na sua rede social X, que: "Ninguém quer mais a paz do que o povo da Ucrânia! É por isso que estamos a trabalhar em conjunto para encontrar o caminho para uma paz duradoura e justa. A Ucrâniapode contar com a Alemanha e a Europa".

Friedrich Merz, provável sucessor de Scholz, recorreu à mesma rede social para declarar também o seu "apoio" a Zelensky. 

"Caro Volodymyr Zelensky, apoiamos a Ucrânia nos bons e nos maus momentos. Nunca devemos confundir o agressor e a vítima nesta guerra terrível", escreveu Friedrich Merz, cujo partido CDU (conservador) está a negociar com o SPD (social-democrata) uma coligação de governo depois de ter ganho as últimas eleições. 

Antes, a chefe da diplomacia alemã já havia dito que a Ucrânia "não está sozinha" e "pode contar" com a Alemanha e a Europa.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, que também se encontrou com Donald Trump esta semana, publicou no X: "Há um agressor: A Rússia. Há um povo que está a ser atacado: a Ucrânia.”

"Temos que agradecer àqueles que ajudaram e temos que respeitar aqueles que estão lutando desde o início, porque eles estão lutando por sua dignidade, por sua independência, por seus filhos e pela segurança da Europa”.

A primeira-ministra de Itália, Giorgia Meloni, uma das poucas líderes europeias que Donald Trump tem elogiado publicamente, sugeriu, entretanto, uma cimeira urgente entre Estados Unidos, países europeus e aliados.

Ucrânia e UE rejeitam acordo Trump-Putin

"É necessária uma cimeira imediata entre os Estados Unidos, os Estados europeus e os aliados para falar francamente sobre a forma como pretendemos enfrentar os grandes desafios de hoje, a começar pela Ucrânia, que defendemos juntos nos últimos anos, e aqueles que seremos chamados a enfrentar no futuro", disse a chefe do governo italiano no comunicado divulgado pelo seu gabinete.  

Por seu lado, e em contraciclo com a manifestação de apoio a Zelensky vinda dos países europeus, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, defendeu que Donald Trump lutou "bravamente pela paz".

"Os homens fortes fazem a paz, os homens fracos fazem a guerra. Hoje o presidente Donald Trump lutou bravamente pela paz. Mesmo que para muitos fosse difícil de digerir. Obrigado, Sr. Presidente!", frisou o governante húngaro, numa mensagem na rede social X.

De Moscovo, as reações também não se fizeram esperar. "Penso que a maior mentira de Zelensky, entre todas as suas mentiras, é a sua declaração na Casa Branca de que o regime de Kiev estava sozinho em 2022, sem apoio. A forma como Trump e Vance se contiveram e não deram uma bofetada a este canalha é um milagre de contenção", destacou a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, através da rede social Telegram.

Pedido de desculpas?

Após o bate-boca na Sala Oval, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, apelou ao Presidente da Ucrânia um pedido de desculpas.

O líder ucraniano devia "pedir desculpa por estar a desperdiçar o nosso tempo com uma reunião que terminou assim. Detalhámos muito claramente qual é o nosso plano, que é levar os russos à mesa das negociações", disse Rubio, em entrevista à televisão norte-americana CNN.

Mais tarde, em entrevista à televisão norte-americana Fox News, Zelensky rejeitou dever um pedido de desculpas a Trump. 

"Penso que temos de ser muito abertos e honestos, e não tenho a certeza de que tenhamos feito algo de errado", disse o Presidente ucraniano.

"Respeito o Presidente [Trump] e respeito o povo americano", disse Zelensky.