Alemanha: Merz encontra-se com Scholz para debater transição
25 de fevereiro de 2025Presume-se que o tema em cima da mesa tenha sido a fase de transição antes das conversações sobre uma eventual coligação entre a União Democrata-Cristã (CDU) de Friedrich Merz, vencedor das eleições legislativas, e o Partido Social Democrata (SPD) de Olaf Scholz, depois de ambos os partidos terem confirmado reuniões exploratórias nesse sentido.
No início do dia, Merz reuniu-se com outros líderes conservadores, incluindo o primeiro-ministro da Baviera, Markus Söder, da União Social Cristã (CSU), com o secretário-geral do seu partido, Carsten Linnemann, e com o líder parlamentar do bloco, Thorsten Frei.
Scholz já disse que não pretende participar nas futuras negociações para uma coligação governamental e que se limitará ao seu papel como chanceler interino até que o nome do seu substituto seja confirmado.
Em conjunto, a CDU e o SPD detêm 328 dos 630 lugares do Parlamento alemão, o que é suficiente para poderem governar a dois, sem a necessidade de um terceiro partido.
SPD pede "limites contra a AfD"
Mas à medida que os dois maiores partidos alemães se preparam para as tensas negociações de coligação, o SPD já deu sinais de que não vai ceder facilmente.
Na noite de segunda-feira (24.02), o vice-presidente do SPD, Lars Klingbeil, deu uma entrevista à emissora pública ZDF, na qual deixou claro o que a CDU está a enfrentar.
Disse que o seu partido "nunca se furtará" ao seu dever quando for chamado a governar o país, mas sublinhou que os sociais-democratas não podem ser responsabilizados se as negociações se prolongarem. "É da responsabilidade do partido vencedor garantir que as negociações não se arrastem", afirmou.
Além disso, acrescentou que "não é segredo que Friedrich Merz aprofundou o fosso com o SPD nas últimas semanas". Klingbeil referia-se a um debate altamente controverso em que a CDU propôs uma série de novas e rigorosas leis de imigração, que alguns peritos consideraram ilegais à luz da lei alemã.
Merz recusou-se a comentar a alegação da vice-presidente do partido Alternativa para a Alemanha (AfD), Alice Weidel, de que o conservador tinha procurado o apoio do partido de extrema-direita antes da votação. As medidas acabaram por fracassar e, posteriormente, Friedrich Merz negou as acusações de que tinha quebrado um acordo de longa data na política alemã que impede a colaboração com um partido de extrema-direita.
O SPD vai exigir garantias de que a CDU tem "limites claros contra a AfD" antes de considerar a possibilidade de assinar um acordo de coligação.
Negociações de coligação mais difíceis
Os resultados eleitorais desde a reunificação alemã, na década de 1990, mostram como a composição do parlamento (Bundestag) deixou de ser dominada por dois grandes partidos - a CDU e o SPD - para passar a ter entre cinco e sete partidos a lutar por lugares.
Embora a crescente popularidade de partidos mais pequenos, como os Verdes e A Esquerda, tenha resultado numa maior escolha para os eleitores alemães, tornou mais difícil a formação de coligações coesas que representem pelo menos 50% dos eleitores.
A divergência de interesses da última coligação entre o SPD, os Verdes e o FDP provocou o colapso do governo em novembro passado, levando à realização de eleições antecipadas.
Para complicar ainda mais a situação, a maioria dos partidos não está disposta a trabalhar com a AfD, que obteve o segundo maior número de lugares nas eleições de domingo (23.02).