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Vandalização em Cabo Delgado: "Não conseguimos arrancar"

DW (Deutsche Welle)
25 de março de 2025

Todos os serviços públicos continuam fechados no posto administrativo de Meza, distrito de Ancuabe. Os edifícios terão sido vandalizados por alegados apoiantes de Venâncio Mondlane, em dezembro passado.

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Retrato de destruição no interior do edifício da sede administrativa de Meza
Estruturas foram vandalizadas em dezembro passadoFoto: DW

O edifício-sede do posto administrativo, o posto policial e outras infraestruturas públicas em Meza, na província moçambicana de Cabo Delgado, continuam inoperacionais.

As estruturas foram reduzidas a cinzas durante uma alegada manifestação contra os resultados das eleições gerais passadas, ocorrida a 23 de dezembro.

Arlindo Jahala, chefe do posto administrativo de Meza, relata que o grupo responsável pelos distúrbios não era proveniente da região. "O maior número do grupo [que vandalizou as infraestruturas em Meza] era de Minhewne, totalizando 10 aldeias", afirma.

"Eles encontraram-se aqui. As infraestruturas que foram vandalizadas são a residência do chefe do posto, secretaria do posto administrativo, o posto policial e uma residência privada", acrescenta Jahala.

Posto Administrativo de Meza, destruído em dezembro de 2024
Governo equipara destruição ao terrorismo na provínciaFoto: DW

O subsistema de abastecimento de água também não escapou aos atos de vandalismo.

As autoridades confirmam que nenhum serviço público se encontra em funcionamento: "O trabalho parou por completo aqui na secretaria do posto. Ainda não temos como arrancar."

Grupo tem "cunho do mal", diz governador

O governador da província moçambicana de Cabo Delgado, Valige Tauabo, visitou recentemente a região e testemunhou, no local, a destruição.

Para o governante, a contestação eleitoral não justifica o nível de devastação. "Não estamos perante uma reivindicação eleitoral", salienta Tauabo. "Aproveitou-se o momento para se continuar a agir com um cunho do mal, do terrorismo que estamos a combater na nossa província."

Valige Tauabo apela ao fim imediato de ações destrutivas como as registadas em Ancuabe.

É no posto administrativo de Meza que está o maior centro de reassentamento de deslocados do terrorismo em Cabo Delgado, a aldeia de Marokani.

RADAR DW: Revolução Mondlane abana Moçambique

Os reassentados relatam ter acompanhado com apreensão as alegadas manifestações violentas. Associam os episódios de vandalismo em Meza ao mesmo terrorismo que os forçou a abandonar as suas terras de origem.

"Quando saíram bandidos em Nanjua, passámos mal. Dormíamos no mato", comenta Latifa Paulino.

Abel Valente diz ter pensado que "já estava a vir uma outra guerra."

Apesar do chefe do posto administrativo de Meza considerar que a instabilidade pós-eleitoral tende a diminuir, ele diz que se nota ainda um clima de desobediência às autoridades em algumas aldeias, como Nanjua, Minhewne e Napete.

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