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ConflitosEstados Unidos

Donald Trump: "Ou haverá paz ou haverá tragédia para o Irão"

cm | Lusa
22 de junho de 2025

Os EUA bombardearam três instalações nucleares do Irão, entrando diretamente na guerra Israel-Irão. "Se a paz não chegar rapidamente, iremos atrás de outros alvos com precisão, velocidade e habilidade", diz Donald Trump.

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EUA | Casa Branca
Donald Trump fez um discurso à nação ao lado do vice-presidente JD Vance, e dos secretários de Estado, Marco Rubio, e da Defesa, Pete HegsethFoto: Carlos Barria/Pool/REUTERS

Os Estados Unidos bombardearam esta madrugada (22.06) três instalações nucleares do Irão, incluindo Fordo, juntando-se diretamente ao esforço de Israel para decapitar o programa nuclear do país.

"Concluímos o nosso bem-sucedido ataque às três instalações nucleares no Irão, incluindo Fordo, Natanz e Esfahan", disse o presidente norte-americano, Donald Trump, numa publicação nas redes sociais.

"Todos os aviões estão agora fora do espaço aéreo do Irão. Uma carga completa de BOMBAS foi lançada no sítio principal, Fordo. Todos os aviões estão a caminho de casa em segurança", acrescentou.

Mais tarde, num breve discurso à nação na Casa Branca ao lado do vice-presidente JD Vance, e dos secretários de Estado, Marco Rubio, e da Defesa, Pete Hegseth, Trump deixou novas ameaças ao Irão.

"O rufia do Médio Oriente"

Trump apelidou o Irão de “o rufia do Médio Oriente” e alertou para a possibilidade de novos ataques se o país não fizer a paz. “Se não o fizerem, os futuros ataques serão muito maiores e muito mais fáceis”, afirmou.

Instalação nuclear de Fordo
Imagem de satélite da instalação nuclear de Fordo, no Irão, após ataque dos EUAFoto: Planet Labs/dpa/picture alliance

O Presidente retratou o ataque como uma resposta a um problema de longa data, mesmo que o objetivo fosse impedir o Irão de desenvolver armas nucleares.

Há 40 anos que o Irão diz “morte à América, morte a Israel”, disse Trump. “Têm matado o nosso povo, arrancando-lhes os braços e as pernas com bombas à beira da estrada”, acescentou.

Trump advertiu ainda Teerão contra eventuais retaliações contra os Estados Unidos, sublinhando que o Irão tem de escolher entre “paz ou tragédia”.

"Não há nenhum exército no mundo que pudesse ter feito o que fizemos esta noite. Nem de perto. Nunca houve um exército que pudesse fazer o que aconteceu há pouco tempo",  salientou.

Programa nuclear iraniano foi "devastado"

O secretário da Defesa dos Estados Unidos afirmou que os ataques devastaram o programa nuclear iraniano e representaram um "êxito esmagador", numa operação que resultou de meses de preparação e que não visou tropas ou população do Irão.

Em conferência de imprensa no Pentágono, em Washington, Pete Hegseth disse que todos os envolvidos na operação "atuaram sem falhas", que os ataques demoraram meses e que estavam prontos há vários dias, aguardando apenas a ordem do Presidente Donald Trump.

Secretário da Defesa dos Estados Unidos, Pete Hegseth
"Quando este Presidente (Donald Trump) fala, o mundo deve ouvir", vincou o secretário da Defesa dos Estados Unidos, Pete HegsethFoto: Alex Brandon/AP Photo/picture alliance

"A ordem recebida foi concentrada, poderosa e clara. Devastámos o programa nuclear iraniano. É de reparar que a operação não teve como alvo as forças armadas ou a população", frisou Pete Hegseth.

“A operação planeada pelo Presidente Trump foi ousada e brilhante, mostrando ao mundo que a dissuasão americana está de volta. Quando este Presidente fala, o mundo deve ouvir”, vincou Hegseth.

Netanyahu agradece "corajoso" ataque

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, agradeceu a Donald Trump pelo “corajoso” ataque norte-americano às instalações nucleares iranianas, afirmando que este criou um “ponto de viragem histórico” que poderá conduzir o Médio Oriente à paz.

“Agradeço-lhe, o povo de Israel agradece-lhe”, disse Netanyahu numa mensagem de vídeo dirigida a Trump.

“A sua decisão corajosa de atacar as instalações nucleares do Irão com o poder impressionante e justo dos Estados Unidos vai mudar a história”, acrescentou Netanyahu.

Por seu lado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros iraniano disse que os Estados Unidos lançaram uma “guerra perigosa” contra o Irão.

Os ataques norte-americanos às instalações nucleares iranianas demonstram que os Estados Unidos não se deterão perante "nada" para apoiar Israel na sua guerra contra o Irão, adiantou.

Benjamin Netanjahu
Benjamin Netanyahu afirma que ataque dos EUA criou um "ponto de viragem histórico" que poderá conduzir o Médio Oriente à pazFoto: MENAHEM KAHANA/AFP

"É agora muito claro para todos que o regime que goza de estatuto de membro permanente do Conselho de Segurança não respeita qualquer princípio ou moralidade e não se coíbe de qualquer ilegalidade ou crime para servir os objetivos de um regime de ocupação genocida", afirmou o ministério, referindo-se aos Estados Unidos e depois a Israel.

EUA e Israel "decidiram fazer explodir" a diplomacia 

O ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros reagiu aos apelos da União Europeia e Londres para voltar ao diálogo afirmando que os Estados Unidos e Israel “decidiram fazer explodir” a diplomacia ao bombardearem o Irão.

“Estávamos a negociar (sobre o programa nuclear iraniano) com os Estados Unidos quando Israel decidiu fazer explodir essa diplomacia”, afirmou Abbas Araghchi, através da plataforma X e depois em declarações em Istambul, acrescentando que, depois, quando estavam em diálogo com países da União Europeia - referindo-se às negociações em Genebra esta semana -, “os Estados Unidos decidiram, por sua vez, reverter esta diplomacia”.

“Que conclusões se podem tirar disto?”, respondeu Araqchi aos apelos feitos hoje pela chefe da diplomacia europeia, Kaja Kallas, e pelo primeiro-ministro britânico, Keir Starmer.

A alta representante da União Europeia para as Relações Exteriores, Kaja Kallas, apelou para que “todas as partes” deem “um passo atrás”, regressem à mesa de negociações e evitem uma nova escalada”, depois do bombardeamento, esta madrugada, dos EUA contra as principais instalações nucleares do Irão.

Países como a Alemanha, França e Espanha já manifestaram preocupação com a escalada no conflito entre Israel e o Irão, após os ataques dos EUA a instalações nucleares iranianas, pedindo negociação e contenção às partes envolvidas.

A Alemanha exortou o Irão a retomar as negociações com os Estados Unidos, após os ataques norte-americanos a instalações nucleares, estimando que danificaram "grande parte do programa iraniano".

"O chanceler Friedrich Merz reiterou o apelo ao Irão para iniciar imediatamente negociações com os Estados Unidos, por forma a encontrar uma solução diplomática para o conflito", declarou, em comunicado, o porta-voz do Governo alemão, na sequência de uma reunião sobre o assunto.

França pediu contenção, por forma a evitar “qualquer escalada que possa conduzir a uma ampliação do conflito” e reafirmou a vontade de contribuir, juntamente com seus os parceiros, para uma “solução negociada”.

Itália, França e Países Baixos convocaram para hoje os respetivos conselhos de Defesa e Segurança Nacional devido ao agravamento da crise no Médio Oriente na sequência da intervenção dos EUA no Irão.

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Lusa Agência de notícias