Diálogo Chapo e Mondlane: Quais as limitações de cada um?
21 de maio de 2025O Presidente de Moçambique, Daniel Chapo, e o político Venâncio Mondlane reuniram-se na noite desta terça-feira (21.05), na esteira do diálogo político nacional e inclusivo. Em foco a paz e a reconciliação nacional, incluindo-se na agenda a libertação dos detidos no contexto das manifestações em protestos aos resultados eleitorais.
No final do encontro, o ex-candidato presidencial Venâncio Mondlane garantiu que ficou acordado a urgência de eliminar todos os focos de violência entre as partes e a viabilização da lei de amnistia para os detidos durante as manifestações.
"Em resumo, foi um encontro positivo”, afirmou Mondlane face às duas grandes preocupações discutidas no encontro com o Presidente moçambicano. "Acreditamos que daqui para frente vão ser monitorados em benefício da nossa própria população”, admitiu, esperançoso.
Venâncio Mondlane afirmou ainda que foram abordados seis pontos de agenda em relação aos quais houve entendimento mútuo.
"Tivemos um entendimento incluindo datas, prazos e pontos focais de como operacionalizar esses pontos”, esclareceu. "O que é importante daqui para frente é monitorar isto para o benefício da nossa população”, disse Mondlane.
Dialogar em nome da paz
O Presidente da República moçambicano destacou, por sua vez, a importância do encontro tendo sublinhado a reconciliação e a pacificação do país como objetivos a serem materializados.
"A paz, a reconciliação, o perdão, a harmonia e a irmandade entre os moçambicanos é muito importante. Por isso, é nosso objetivo dialogar, dialogar, dialogar com [vista a] alcançar e consolidar a paz, a reconciliação”, frisou o chefe de Estado.
Na esteira destes diálogos o analista e jornalista Egídio Plácido não acredita que o Presidente Chapo consiga cumprir algumas promessas que tem estado a fazer nestas sessões.
Plácido explica que há uma sensação de existência de forças externas ou internas que não querem a paz. Refere que, em relação a "esses esforços de Venâncio Mondlane e do Presidente da República, parece que podem voltar ao mesmo problema de sempre que são assassinatos, raptos, perseguições a vários níveis.”
Egídio Plácido diz, no entanto, que os moçambicanos devem entender que estes encontros não são para tirar dividendos pessoais. "Aqui o interesse não é do Venâncio Mondlane ou não é para interesses pessoais de grupos de Venâncio Mondlane”, argumenta. "O interesse que se persegue é o interesse de uma Nação inteira e isso só pode ser feito com respeito de todos nós e também com uma liderança forte, que significa ter esta capacidade de negociar sempre que for necessário”, sustenta.
Segurança e a amnistia
Por seu lado, o analista Dércio Alfazema, tido como próximo do poder, destaca que Venâncio Mondlane tem preocupações próprias, sobretudo relacionadas com a sua segurança e a amnistia aos detidos nas manifestações.
"Amnistia significa esquecer tudo que aconteceu, ultrapassar tudo, fazer vista grossa e simplesmente mandar as pessoas para casa e aqueles processos todos serem anulados”, reforça em tom de questionamento.
O analista afirma que o Presidente Chapo sai mais fortalecido politicamente por causa da agenda da paz. E Venâncio, diz ainda o analista, está pressionado pelos seus apoiantes que exigem muito dele.
"Mais transparência, mais clareza, mais abertura sobre os passos políticos que ele vai dando. Mas o mais importante nisso é que fica demonstrado que os moçambicanos são capazes e estão em condições de dialogar e ultrapassar as suas diferenças de modo a levar o pais ao bom porto”, conclui.