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Deputados da UNITA mais uma vez atacados no Huambo

12 de junho de 2025

Delegação da UNITA foi atacada na quarta-feira (11.06) em Galanga, Huambo, onde, há uma semana, o deputado Yakuvela foi agredido, supostamente por membros do MPLA. O governo provincial diz que o Huambo é uma zona de paz.

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Angola Wahl 2022, UNITA-Pressekonferenz
Foto: A. Cascais/DW

Um grupo de deputados da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido da oposição angolana, foi alvo de um ataque na manhã de quarta-feira (11.06), enquanto realizava uma visita a comités do partido e residências de militantes vandalizados no passado dia 30 de maio. A visita tinha como objetivo apurar os danos causados durante um episódio de violência em que o secretário provincial da UNITA foi agredido, alegadamente por membros do MPLA.

Segundo a vice-presidente do grupo parlamentar da UNITA, Albertina Ngolo, conhecida como Navita Ngolo, os agressores, oriundos do município do Londuimbale e que se identificaram como militantes do partido no poder, lançaram pedras contra a caravana parlamentar. A Polícia Nacional interveio utilizando gás lacrimogéneo, tendo detido dois dos atacantes.

"A polícia tomou medidas para repelir esses grupos. Conseguimos levar dois detidos. Estavam albergados no Comité Municipal do MPLA, na Administração Municipal e numa escola", relatou a deputada.

Navita Ngolo, abgeordnete
Navita NgoloFoto: José Adalberto/DW

De acordo com Navita Ngolo, oito membros da delegação parlamentar sofreram ferimentos, alguns com gravidade. A deputada revelou ainda que os detidos confessaram ter sido aliciados com promessas de dinheiro do programa Kwenda, uma iniciativa governamental destinada a apoiar famílias vulneráveis.

UNITA acusa MPLA de orquestrar ataque violento

A UNITA acusa os administradores municipais de Galanga e Londuimbale de estarem por detrás da mobilização dos agressores.

"Pagaram-lhes algum dinheiro e prometeram acesso ao programa Kwenda. Estavam munidos de armas brancas, drogas e outros produtos tradicionais", denunciou Ngolo.

O ativista cívico Cruz de Deus, que testemunhou os acontecimentos, descreveu o ambiente no município da Galanga como um "estado de sítio" e criticou a passividade da Polícia Nacional, que, segundo ele, não impediu a montagem de barricadas nas imediações da unidade policial.

"Houve uma guerra declarada contra a delegação da UNITA. Tudo sob o olhar impávido da Polícia Nacional", lamentou.

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Apesar de terem passado 23 anos desde o fim da guerra civil, episódios de intolerância política continuam a ocorrer em Angola, com maior incidência no sul do país. Confrontos entre militantes da UNITA e do MPLA são reportados com frequência, por vezes com consequências fatais.

O silêncio da Polícia

O governador do Huambo, Pereira Alfredo, que também lidera o MPLA na província, afirmou que a região "prima pela paz", mas reconheceu que os episódios de violência refletem feridas históricas ainda por sarar.

"A história não se apaga. O sarar das feridas é um processo que levará o seu tempo", declarou.

Navita Ngolo, por sua vez, rejeita esta visão e considera que está em causa a disputa por uma praça eleitoral estratégica: "Temos vídeos de residentes a afirmar que os jovens envolvidos não são da zona. Isto está bem orquestrado".

Até ao momento, a Polícia Nacional não se pronunciou oficialmente sobre o incidente. A UNITA garante que irá avançar com processos-crime contra os autores e mandantes dos atos de violência.

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