Crise RDC: Novo mediador Faure Gnassingbé está em Kinshasa
17 de abril de 2025O Presidente do Togo chegou a Kinshasa, poucos dias depois de ter sido nomeado pela União Africana (UA) como mediador no conflito entre a República Democrática do Congo (RDC) e o Ruanda.
Quais são as expectativas do povo congolês após a nomeação deste novo mediador? Em Kinshasa, a mediação do Presidente togolês Faure Gnassingbé está a ser recebida com algum ceticismo.
Enquanto alguns habitantes da capital congolesa querem acreditar que o novo mediador nomeado pela UA tem hipóteses de sucesso, outros acreditam que não tem qualquer hipótese de ser bem sucedido onde os presidentes João Lourenço de Angola e Uhuru Kenyatta do Quénia falharam.
O capital de confiança de Gnassingbé
"Depende das suas estratégias, mas ele pode ser bem sucedido. Sentimo-nos incomodados com uma parte do país que já não é nossa. O Congo tem de voltar a ser o que era antes. O Congo é indivisível", disse à DW um habitante de Kinshasa.
Para outro morador, "ele não vai conseguir porque Tshisekedi vai recusar o que o M23 propõe. O M23 também vai recusar, por isso vai ser recusar, por isso vai ser difícil."
No entanto, Trésor Katoto, presidente do grupo de jovens de Goma, acredita que o Presidente togolês tem hipóteses de resolver a crise, dadas as suas relações com o chefe de Estado congolês, Félix Tshisekedi, e com o seu homólogo ruandês, Paul Kagame.
"Está próximo dos dois principais atores do conflito. Na mediação, é preciso ter alguém no meio em quem se confia e não alguém a quem se atribuem intenções. Para mim, esse é um elemento muito importante", destaca Katoto.
A visita surge numa altura em que vastas zonas do leste do país continuam sob o controlo do M23 e em que prosseguem os confrontos entre os rebeldes e os auxiliares do exército congolês, os Wazalendos, nas províncias de Kivu Norte e Kivu Sul.
Angola passa dossiê ao Togo
Faure Gnassingbé foi recebido na quarta-feira (16.04), em Luanda, pelo homólogo angolano, João Lourenço, para tomar contacto com o dossiê sobre o conflito no leste da RDC.
O ministro das Relações Exteriores de Angola, Téte António, disse que os dois chefes de Estado reuniram-se para ser passada informação sobre o processo de mediação que Angola liderou.
A conversa serviu também para "passar a experiência acumulada de Angola, não só sobre este conflito, mas da Região dos Grandes Lagos, que continua a assumir muitas responsabilidades", disse Téte António em declarações à Televisão Pública de Angola (TPA).
"Cada vez que for necessário o novo mediador vai recorrer a Luanda", já que Angola assume atualmente a presidência da UA, "mas também pela memória acumulada sobre esse dossiê", acrescentou.