CPLP pede ação internacional após calamidade em Cabo Verde
16 de agosto de 2025A CPLP manifestou este sábado (16.08) a sua "profunda solidariedade" ao povo cabo-verdiano e apelou à ação internacional urgente, após as chuvas intensas que assolaram as ilhas de São Vicente e Santo Antão, provocando vários mortos e desaparecidos.
Em comunicado, o secretariado executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) refere que as chuvas intensas e ventos ciclónicos que assolaram Cabo Verde no passado dia 11 "causaram perdas humanas irreparáveis" e destaca a necessidade de uma resposta solidária "neste momento de dor e sofrimento".
A organização "encoraja a comunidade internacional e as agências especializadas a reforçarem os esforços do Governo e da sociedade cabo-verdiana, com especial atenção às populações mais vulneráveis, apoiando a redução da pobreza e a mitigação dos impactos em alojamento, nutrição e direitos humanos, sobretudo protegendo as crianças, mulheres e jovens afetados pela calamidade".
O mesmo comunicado sublinha ainda "a importância de apoio concreto ao investimento e ao relançamento produtivo, como via para promover a resiliência e a recuperação sustentável do país".
A CPLP recorda os compromissos assumidos no âmbito da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas e a Estratégia da comunidade para esta área, sublinhando a urgência de uma ação conjunta para mitigar os impactos das mudanças climáticas na vida das populações.
O secretariado executivo recorda ainda que, já em 2019, o Painel Intergovernamental sobre Alterações Climáticas (IPCC) alertava para riscos severos decorrentes da crise climática, com particular incidência em cidades litorais e ilhas, frisando a necessidade de "mecanismos de compensação" que atenuem os efeitos socioeconómicos e evitem o agravamento da pobreza.
PR pede mais coordenação
O Presidente cabo-verdiano defendeu este sábado uma coordenação entre a sociedade civil e a diáspora para reforçar apoios às populações em São Vicente, após tempestade que provocou nove mortos, pedindo também a revisão das políticas de habitação, urbanismo e saneamento.
"Foi criado, e muito bem, pelo Governo, um gabinete de crise, que tem coordenado os trabalhos iniciais. É fundamental, todavia, melhorar os mecanismos de coordenação com a sociedade civil e as organizações da diáspora, para aumentar a capacidade de mobilização de meios e garantir uma melhor resposta às pessoas e às comunidades", escreveu José Maria Neves na sua página oficial do Facebook.
O chefe de Estado sublinhou ainda a necessidade de melhorar a comunicação pública, para que todos tenham acesso às principais ações em curso e possam participar de forma mais ativa, canalizando os apoios.
"Há muita gente, no país e na diáspora, a querer saber como fazer chegar a ajuda à ilha. Um manual, com todos os dados sobre o que é necessário e os pontos de entrega, seria muito útil. A aplicação dos recursos mobilizados deve ser objeto de um relatório mensal, para que todos saibam, com transparência, como estão a ser utilizados", acrescentou.
José Maria Neves considerou ser "tempo de união" e defendeu que é preciso concentrar esforços "no alívio do sofrimento das pessoas, tomando medidas de urgência". A médio prazo, disse, será necessário avaliar as políticas públicas, "nomeadamente nos domínios da descentralização, do planeamento e desenvolvimento urbano, da gestão de solos, da habitação, do saneamento básico e da drenagem das águas pluviais".
O Presidente destacou ainda que Governo, municípios, igrejas, partidos políticos, sindicatos e empresas, no país e na diáspora, têm-se mobilizado para apoiar as famílias atingidas, garantir serviços básicos e preparar a reconstrução. "Os parceiros internacionais e países amigos têm enviado mensagens de solidariedade e apoiado na resolução dos problemas, bem como na criação de condições para uma maior resiliência das nossas cidades face aos efeitos extremos da natureza", concluiu.
O Governo cabo-verdiano declarou situação de calamidade por seis meses em São Vicente, Porto Novo (Santo Antão) e nos dois concelhos de São Nicolau, igualmente afetados. Países como Timor-Leste, Guiné-Bissau, Portugal e São Tomé e Príncipe já manifestaram solidariedade para com Cabo Verde.