Congresso constitutivo: PRA-JA quer governar Angola em 2027
19 de maio de 2025Arrancou hoje o Congresso Constitutivo do PRA-JA Servir Angola, o partido de Abel Chivukuvuku, eleito esta tarde como presidente.
Legalizado em outubro passado pelo Tribunal Constitucional, o PRA-JA promete conquistar representação parlamentar nas próximas eleições gerais e assumir um papel de relevo no Executivo.
"Em 2027, ou somos Governo ou seremos parte do Governo", garantiu o líder da nova formação política.
No discurso de abertura do congresso, Chivukuvuku citou o Papa Leão XIV, prometendo adotar uma postura conciliadora e inclusiva: "Não seremos construtores de trincheiras, cada um no seu lado. Vamos ter pontes para estarmos todos juntos", afirmou.
Além da eleição do presidente, o congresso servirá ainda para delinear estratégias eleitorais para o escrutínio de 2027 e aprovar uma agenda global com o objetivo de captar recursos materiais e financeiros.
Históricos não se sentem ameaçados
Estarão os grandes partidos angolanos, como o MPLA e a UNITA, preocupados com a nova força política?
Mário Pinto de Andrade, secretário do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) para a Reforma do Estado, Administração Pública e Autarquias, convidado ao conclave, nega qualquer receio.
"O MPLA sempre esteve preparado e continua preparado. Nós já ganhámos cinco pleitos eleitorais e vamos lutar para ganharmos o sexto", frisou o representante do partido governamental angolano.
Também a União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA) afirma não se sentir ameaçada. António Dembo, vice-presidente do maior partido da oposição, sublinha o potencial contributo do novo partido para a democracia.
"Não podemos sentir medo com o surgimento de um novo partido. Esperamos que possa servir, de facto, para o engrandecimento desta democracia de que nós somos autores."
A legalização do PRA-JA Servir Angola reacendeu o debate sobre o futuro da Frente Patriótica Unida (FPU), coligação criada nas eleições de 2022 e que, além do PRA-JA, integra a UNITA e o Bloco Democrático. O tema será debatido durante o congresso, sendo igualmente uma preocupação da UNITA.
António Dembo referiu que o futuro da coligação "vai depender dos congressos dos nossos partidos. Este que está a ser realizado agora e o nosso, que se realiza num espaço de mais alguns meses."
O Congresso Constitutivo do PRA-JA Servir Angola conta com a participação de mais de 700 delegados, 70% dos quais são homens. Para Makuta Nkondo, um dos presentes, trata-se de uma etapa crucial exigida pelo Tribunal Constitucional, "porque se não se legaliza o congresso, o partido não se legaliza."
O evento decorre até 22 de maio, sob o lema: "Institucionalizar e Fortalecer para Ser Governo em 2027".