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Conflito na RDC: Angola deve reforçar a sua fronteira?

6 de fevereiro de 2025

As opiniões dividem-se entre os especialistas. Enquanto alguns defendem o envio imediato de tropas para proteger a fronteira angolana, outros garantem que não há motivos para preocupação.

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Rebeldes do M23 controlam passagem de fronteira para Ruanda
Conflito na RDC: violência aumenta e milhares fogem em busca de segurançaFoto: AFP/Getty Images

Angola partilha uma extensa fronteira com a República Democrática do Congo (RDC), a norte e a leste do país. Com o avanço do grupo rebelde M23, que recentemente tomou a cidade estratégica de Goma e prometeu marchar até Kinshasa, muitos se questionam sobre o impacto da crise para o território angolano.

Quais são as consequências imediatas do conflito na República Democrática do Congo para Angola? Será que é preciso reforçar as fronteiras angolanas?

Nelson Euclides, ativista angolano residente no Moxico, defende que o Governo deve agir com urgência, especialmente na região das Lundas.

"E aumentar a presença de tropas. Era o que poderia ser necessário. Com patrulhas nas zonas fronteiriças, para monitorar atividades ilegais e prevenir infiltrações de grupos armados", sublinha Euclides.

Para o ativista, o reforço da segurança deveria incluir ainda avanços tecnológicos.

"O uso de tecnologias como 'drones' e sistemas de vigilância para cobrir áreas de difícil acesso", acrescenta.

Aumento da violência na República Democrática do Congo

Segurança fronteiriça

Mas Angola teria capacidade para monitorar os mais de 2.500 quilómetros de fronteira terrestre e fluvial, que abrangem sete províncias?

Para Faustino Henriques, jornalista e especialista em relações internacionais, não há necessidade de reforço militar. Segundo ele, o conflito na RDC está concentrado no nordeste do país, longe da fronteira angolana.

"O conflito no nordeste da RDC decorre longe das fronteiras angolanas", argumenta Henriques.

Entre Angola e as províncias congolesas de Kivu do Norte e Kivu do Sul, epicentro da violência, há várias outras províncias congolesas, como Lomami, Sankuru e Tanganica, que funcionam como um "escudo geográfico".

Ainda assim, a história recente levanta preocupações. Em 2017, a violência intercomunitária na região congolesa do Kasai forçou cerca de 39 mil refugiados a buscarem abrigo na província angolana da Lunda Norte, segundo dados do ACNUR. Contudo, Kasai está muito mais próximo da fronteira angolana do que os Kivus, onde se concentra o atual conflito.

Neste momento, a pressão recai sobretudo sobre os países vizinhos da RDC, como Burundi, Uganda e Ruanda.

"Esses é que estão a ter alguma pressão com os deslocados", reforça Henriques.

Entretanto, a questão da segurança fronteiriça continua a ser debatida.

Em janeiro, o governador da província angolana do Uíge, José Carvalho da Rocha, defendeu o reforço da segurança na fronteira com a RDC. No entanto, o motivo principal apontado não foi o conflito armado, mas sim o combate ao contrabando de combustível, à imigração irregular e à exploração ilegal de minérios.

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Manuel Luamba Correspondente da DW África em Angola