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Como travar a cólera em Angola?

11 de abril de 2025

A cólera alastra-se em Angola com 27 mortes e 227 novos casos em 24 horas. O Governo prometeu conter o surto antes de março, mas a crise agrava-se também devido ao saneamento precário.

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África Angola | Surto de cólera
Angola registou mais de 11.500 casos e 438 mortes desde o início do surto, em janeiroFoto: Borralho Ndomba/DW

A ministra angolana da Saúde, Sílvia Lutucuta, prometeu que o surto de cólera seria estancado ainda antes do mês de março.

"A meta é termos o surto controlado, porque, com fortes quedas pluviométricas, como tem acontecido no mês de março, o risco ainda é maior. Mas tenho fé que vamos conseguir."

No entanto, os números contrariam a fé da ministra da Saúde. Dados do Ministério da Saúde indicam que Angola registou mais de 11.500 casos de cólera e 438 mortes devido à doença. Só nas últimas 24 horas, foram notificadas 27 mortes e 227 novos casos.

Sílvia Lutucuta, ministra da Saúde de Angola
A ministra da Saúde angolana, Sílvia Lutucuta, prometeu o controlo da cólera antes de marçoFoto: Borralho Ndomba/DW

Água imprópria catalisa surto

Pinto Melo, morador do Bairro Paraíso, nos arredores do município de Cacuaco — que foi considerado o epicentro do surto, a par do bairro de Belo Monte — considera que o deficiente saneamento básico e a falta de água potável são alguns dos fatores que favorecem a cólera.

"Dependemos da água dos tanques, que não sabemos se é potável ou não", refere o cidadão.

O fornecimento de água nos bairros é feito através de tanques comunitários. O morador João Santana diz que não é possível acabar com a cólera enquanto os habitantes consumirem água imprópria.

A taxa de letalidade da cólera em Angola ronda os 3,8%. As autoridades sanitárias alertam a população para reforçar as medidas de prevenção da cólera, como a lavagem constante das mãos, beber água tratada e lavar e cozinhar bem os alimentos.

Melhorar saneamento

O estudante de Medicina Bezaleel Guerra reconhece as ações levadas a cabo pelo Governo no domínio da gestão da doença e das campanhas de vacinação para diminuir a mortalidade, mas diz que é preciso pensar em outras medidas importantes, como "o investimento massivo e urgente no saneamento básico e na água potável."

"O segundo ponto seria o fortalecimento da vigilância epidemiológica e a resposta rápida", acrescenta Bezaleel Guerra.

Num direto feito nas redes sociais, o presidente do Sindicato Nacional dos Médicos, Adriano Manuel, apontou a qualidade da água consumida pelas populações como uma das causas de muitas doenças que afetam os angolanos.

Ele salientou que a água contaminada "é promotora das infeções urinárias, das doenças de foro ginecológico, das doenças diarreicas agudas e da cólera."

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José Adalberto Correspondente da DW África em Angola