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ConflitosRepública Democrática do Congo

Combates no leste da RDC apesar do acordo de paz

DW (Deutsche Welle)
1 de julho de 2025

Apesar da assinatura em Washington, na passada sexta-feira (27.06), de um acordo de paz entre a República Democrática do Congo (RDC) e o Ruanda, os combates prosseguem no leste congolês, pondo em dúvida a paz na região.

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Agricultores regressam após combates entre os rebeldes M23 e o exército congolês
Habitantes das zonas ocupadas pelo M23 esperavam que os rebeldes começassem a retirar-se do territórioFoto: Arlette Bashizi/REUTERS

Nos últimos dias, várias pessoas foram mortas nos territórios de Walungu e Fizi, na província de Kivu do Sul. A violência obrigou milhares de pessoas a fugir mais uma vez do território.

A gravidade da situação põe em dúvida que o acordo mediado pelos EUA possa efetivamente trazer a paz à região.

Os habitantes das zonas ocupadas pelos rebeldes do grupo AFC-M23 ficaram inicialmente satisfeitos com a assinatura do acordo de paz. Esperavam que os rebeldes começassem a retirar-se.

População local desiludida

Mas os combates entre os rebeldes e os Wazalendo, um grupo aliado do exército congolês, recomeçaram no sábado (28.06) em Kaniola e em várias localidades do território de Walungu.

Um habitante de Kaniola, que pediu o anonimato, explicou à DW que, na segunda-feira (30.06), "o M23 estava a atacar a população de Kaniola e os Wazalendo. Perguntamo-nos que acordo assinámos. É um acordo para o progresso do M23 ou para o progresso da guerra? Até agora, a população está desorganizada.

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O M23 declarou na segunda-feira (30.06) que tinha tomado nota do acordo assinado em Washington. Mas reafirmou a sua exigência de um processo de paz mais inclusivo.

Esta declaração foi feita numa altura em que os combates prosseguiam em Minembwe, no território de Fizi. A situação era semelhante em Kamisimbi, a cerca de vinte quilómetros da cidade de Bukavu.

Um acordo de paz que não foi longe

Para o académico Nkere Ntanda, docente na Universidade de Kinshasa, a fraqueza do acordo de paz reside no facto de ter ignorado o M23.

"Esta é uma das principais fraquezas. Era contraditório querer assinar o acordo sobre os minerais numa região controlada pelos dois movimentos que estão excluídos do acordo. Não faz sentido. É por isso que estes movimentos não se interessam por este acordo. Não se sentem envolvidos. Não foram envolvidos e, no entanto, são eles que estão sentados sobre os minerais que estão no centro deste acordo", lembra.

Nkere Ntanda salienta que é precisamente isto que está a dificultar a aplicação do documento assinado em Washington.

As autoridades congolesas estão a contar com as conversações de Doha para pôr fim aos rebeldes do M23. Mas estes últimos acusam Kinshasa de fazer tudo para comprometer o processo.

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