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Cimeira EUA-África: Oportunidades para o continente?

22 de junho de 2025

Arrancou em Luanda a Cimeira Empresarial EUA-África sob o lema "Parcerias Sustentáveis para o Crescimento". Analistas ouvidos pela DW África questionam os reais resultados para a economia africana.

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Luanda | Angola
Cimeira empresarial EUA-África acontece em Luanda sob o lema "Parcerias Sustentáveis para o Crescimento"Foto: Getty Images/AFP/S. de Sakutin

Segundo a organização, todas a condições estão criadas para o sucesso da Cimeira Empresarial EUA-África que arrancou este domingo (22.06) em Luanda

Durante a semana de debates, os mais de 2000 participantes vão abordar setores como a agricultura, indústria, energia e turismo.

Também representantes de agências americanas como a Exim Bank e a US International Development Finance Corporation participam na tribuna de negócios de Luanda, uma iniciativa da Corporate Council on Africa em parceria com o Governo angolano.

O evento decorre sob o lema "Parcerias Sustentáveis para o Crescimento".

E é precisamente nesse âmbito que Arlindo das Chagas Rangel, Presidente do Conselho de Administração da Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações, pretende realizar uma série de encontros para atrair investimentos no país.

"Temos algumas delegações estrangeiras que pediram para falar com setores específicos angolanos. Estamos a fazer essas marcações, a juntar essas pessoas e esperamos que daí surjam boas parcerias e bons negócios. Fazer a interação entre os vários intervenientes e participantes nessa cimeira, quer empresários americanos, quer empresários africanos", explicou.

Mais do que investimentos

Mas Nataniel Fernandes, economista angolano, entende que, mais do que estabelecer contactos para novos investimentos, é necessário que Angola e outros países africanos criem bom ambiente de negócios.

"Uma proteção fiscal de acordo com aquilo que é a expectativa e mão de obra. Uma série de condições essenciais para que realmente se sinta confiança de que, os milhões que se vai deixar aqui vão produzir".

O especialista não tem dúvidas de que a Cimeira EUA-África vai ser palco de muitas promessas. Nataniel Fernandes insiste em afirmar que, na maioria das vezes, as promessas de investimento das grandes potências mundiais não se materializam em África por falta de condições por parte dos líderes africanos. 

"Por exemplo, Joe Biden prometeu 55 milhões de dólares para África para os próximos três anos. Nós precisamos ver quanto desse dinheiro que ele prometeu, já faz tempo, verdadeiramente entrou e porque não entrou."

E, desde a saída de Joe Biden da administração norte-americana, a relação entre os Estados Unidos e África não é das melhores. Com a chegada de Donald Trump à Casa Branca houve, por exemplo, cortes nas relações diplomáticas com o continente.

Será que esta cimeira de Luanda pode trazer novos ventos para a relação entre a principal economia do mundo e África?

Nkikinamo Tussamba, especialista em relações internacionais, começa por dar nota positiva à cimeira, mas entende que a iniciativa não deve ser aproveitada pelos líderes africanos.

"Esses encontros de negócios deviam ser aproveitados pelas empresas africanas. É isso que tem sido o nosso grande problema. Nós temos falhado nesse quesito onde estamos a ver muitos estadistas africanos a se deslocarem para Angola quando devia ser o inverso porque estamos a falar de um fórum de negócios."

A Cimeira EUA-África conta com a presença de Chefes de Estado e de Governo de países como Cabo Verde, Botswana, República Democrática do Congo, República Centro-Africana, Etiópia, Namíbia, Mauritânia e São Tomé e Príncipe.

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Manuel Luamba Correspondente da DW África em Angola