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Ciclone Jude: UNICEF alerta para risco de doenças

Catarina Martins | com agências
11 de março de 2025

Este é o terceiro ciclone a passar por Moçambique nos últimos quatro meses. UNICEF receia doenças como a cólera, a diarreia e a malária, sobretudo entre as crianças.

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Casa destruídas pela passagem do ciclone Chido
O ciclone Chido, que passou pelo norte do país a 15 de dezembro, destruiu mais de 155 mil casas, 52 centros médicos e 250 escolasFoto: Delfim Anacleto/DW

A passagem do ciclone tropical Jude, que afeta Moçambique desde segunda-feira, já provocou um morto e 18 feridos no distrito de Mossuril, na província de Nampula.

De acordo com os dados preliminares divulgados pelo Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), o ciclone destruiu 380 casas e 27 escolas nas províncias de Nampula e Zambézia.

Este é o terceiro evento extremo em quatro meses e o receio é que tenha impactos ainda maiores, nomeadamente na saúde das crianças.

Aumento do risco de doenças

As capacidades de resposta humanitária em Moçambique estão sobrecarregadas na sequência dos ciclones de dezembro e janeiro. De acordo com a UNICEF, as crianças estão particularmente vulneráveis.

Além dos danos generalizados nas infraestruturas, inundações e cortes de eletricidade, a passagem do ciclone tropical Jude suscita preocupações sobre a saúde das crianças, uma vez que as cheias aumentam o risco de doenças como a cólera, a diarreia e a malária.

Em entrevista à ONU News, o chefe de Comunicação e Parcerias da UNICEF, Guy Taylor, mostrou-se preocupado com o facto de quase todas as bacias hidrográficas e represas nas províncias de Nampula e Zambézia já estarem cheias, perspetivando "graves" e "inevitáveis" inundações.

"É uma situação muito preocupante num país onde já temos cerca de 3,4 milhões de crianças em situação de carência humanitária. Isto vai piorar bastante as suas vidas", alerta. 

Casas destruídas em Cabo Delgado após a passagem do ciclone Chido
O ciclone Chido, que assolou o norte de Moçambique em dezembro, provocou pelo menos 120 mortosFoto: Delfim Anacleto/DW

Mais de 340 mil pessoas podem ser afetadas

O Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres avançou, no domingo, que o novo ciclone poderia afetar mais de 340 mil pessoas. A UNICEF, que tem trabalhado com o Governo moçambicano, nomeadamente na distribuição de kits de ajuda de emergência, estima que 1.200 escolas e cerca de 120 unidades de saúde ficarão danificadas ou destruídas.

"Sabemos que estes números são ainda mais altos do que os que vimos com os ciclones Chido e Dikeledi", admite Guy Taylor, evidenciando  a "grande densidade populacional" na área afetada.

Esta terça-feira, a UNICEF anunciou a alocação de um fundo de emergência de 5,5 milhões de euros para apoiar as vítimas do ciclone Jude.

Os eventos extremos, como os ciclones, provocaram mais de mil mortos em Moçambique entre 2019 e 2023, afetando cerca de 4,9 milhões de pessoas, segundo o Instituto Nacional de Estatística.