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Chivukuvuku questiona se Angola deve seguir Mondlane

26 de março de 2025

"Se me dissessem que derrubaram a FRELIMO, diríamos: sim, fizeram uma revolução", afirma Chivukuvuku, contestando Mondlane como modelo para Angola. A oposição deve seguir esse caminho?

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Venâncio Mondlane e Abel Chivukuvuku
Chivukuvuku rejeita comparação entre Mondlane e a oposição angolana em 2027Foto: Amilton Neves/Marco Longari/AFP

Em Angola, o político moçambicano Venâncio Mondlane continua a ser apontado, em alguns setores da sociedade, como uma referência revolucionária que deve ser seguida pelos partidos da oposição em 2027, caso as eleições não decorram de forma livre e transparente.

No entanto, nem todos veem o caso moçambicano como um exemplo a seguir. Abel Chivukuvuku, líder do PRAJA - SERVIR ANGOLA, considera que o que aconteceu em Moçambique está longe de poder ser classificado como uma revolução.

Para Abel Chivukuvuku, o que ocorreu em Moçambique após as eleições presidenciais e legislativas de 9 de outubro não pode ser caracterizado como uma revolução, pois não atingiu o seu objetivo principal: a queda do regime político.

"Se me dissessem que os moçambicanos saíram às ruas, lutaram, lutaram e derrubaram a FRELIMO, diríamos: sim, fizeram uma revolução", afirmou Chivukuvuku.

O político criticou a decisão de Mondlane de exigir nas ruas a verdade eleitoral, o que resultou na morte de muitos cidadãos.

"Morreram mais de mil pessoas, e a FRELIMO continua no poder. Valeu a pena a vida das pessoas que morreram? É preciso ter sempre o sentido da vida. Eu não posso mandar o filho do outro morrer. Entretanto, na altura, o nosso irmão Venâncio nem estava em Moçambique."

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Comparando Angola e Moçambique

Recentemente, durante uma entrevista no programa de humor "Goza Aqui", o presidente da bancada parlamentar da UNITA, Liberty Chiaka, foi questionado sobre as razões que impediram a convocação de manifestações de rua pela UNITA em 2022, após a divulgação dos resultados eleitorais, tal como aconteceu em Moçambique. Em resposta, afirmou:

"Há muitos que gostam de comparar com a situação de Moçambique. Adalberto devia ter feito como Mondlane? Vamos olhar para Moçambique: 350 mortos. Onde está Mondlane?"

Em entrevista à DW África, o politólogo Agostinho Sicato entende que, caso os partidos da oposição optem por realizar manifestações de rua no pós-eleições de 2025, elas seriam duramente reprimidas pelas autoridades governamentais.

Por outro lado, Sicato destaca que, apesar das ameaças de repressão, não existe em Angola uma figura que assuma a liderança de um movimento popular.

"Não é porque os angolanos não consigam. Eventualmente, os angolanos poderiam fazer melhor do que os moçambicanos, mas falta alguém que levante a tocha. No caso de Moçambique, houve Venâncio Mondlane."

Entrada negada em Angola

Venâncio Mondlane esteve recentemente em Angola, mas as autoridades angolanas negaram a sua entrada no país. O político moçambicano tinha sido convidado para participar numa conferência sobre democracia. 

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José Adalberto Correspondente da DW África em Angola