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Ataque israelita contra membros do Hamas em Doha

9 de setembro de 2025

O Catar disse estar a investigar a "flagrante violação" do direito internacional. Antes, Israel havia confirmado ataque contra "liderança" do Hamas, sem detalhar o local. Comunidade internacional condena a ação.

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Ataque israelita em Doha, esta terça-feiraFoto: Jacqueline Penney/AFP

O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores do Catar, Majed al Ansari, confirmou que Israel atacou nesta terça-feira (09.09) "vários membros do escritório político do movimento Hamas em Doha" e que o seu país iniciou uma investigação "ao mais alto nível" sobre o ataque.

Em comunicado, o Catar condenou "energicamente" essa ação de Israel "contra edifícios residenciais que abrigavam vários membros do bureau político em Doha", sem identificar quem eram e ressaltou tratar-se de "uma flagrante violação de todas as leis e normas internacionais".

Pouco antes, o Exército israelita havia anunciado um "ataque preciso contra a liderança sénior" do grupo islâmico palestiniano Hamas, sem oferecer mais detalhes sobre o local do ataque.

Por sua vez, a emissora de televisão do Catar "Al Jazeera" - citando uma fonte de alto escalão do Hamas - pontuou que o ataque israelita teria tido como alvo uma delegação negociadora do grupo islâmico enquanto estava reunida para discutir a proposta de cessar-fogo dos Estados Unidos para a Faixa de Gaza.

Essa ação ocorre no mesmo dia em que o ministro das Relações Exteriores israelita, Gideon Saar, afirmou que Israel aceitou a última proposta dos EUA para um cessar-fogo em Gaza, sob a condição de que libertem todos os reféns na Faixa de Gaza e que o Hamas deponha as armas.

Já o Hamas, que quer um acordo com garantias de que Israel porá fim à sua ofensiva, afirmou recentemente estar "aberto a qualquer ideia ou proposta que permita alcançar um cessar-fogo integral" e a "retirada completa" das forças israelitas de Gaza.

O Catar, principal mediador para a trégua em Gaza juntamente com o Egito e os Estados Unidos, abriga o bureau político do Hamas na sua capital.

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Dois mortos

Pelo menos dois membros do Hamas morreram no ataque contra um edifício onde estavam reunidos, disse um membro do gabinete político do movimento islamita palestiniano. 

Uma das vítimas mortais é o filho de Khalil al Hayya, que lidera a delegação do Hamas às negociações mediadas pelo Catar, acrescentou. 

O Hamas garantiu que os líderes do grupo alvo do bombardeamento israelita em Doha sobreviveram: "O atentado ocorreu durante uma reunião da equipa negociadora para discutir a proposta norte-americana", declarou Suhail al Hindi, membro do gabinete político do Hamas. 

Retaliação internacional

O secretário-geral da ONU, António Guterres, condenou nesta terça-feira "a flagrante violação da soberania e da integridade territorial do Catar" após o ataque de Israel contra líderes do Hamas na capital do país.

Durante uma entrevista coletiva em Nova Iorque, Guterres disse que todas as "partes devem trabalhar para alcançar um cessar-fogo permanente, não para destruí-lo".

Também o secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Abulghit, condenou a ação, considerando tratar-se de "uma violação flagrante e completamente inaceitável" da soberania do Catar.

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O porta-voz oficial do secretário-geral, Jamal Rushdi, indicou que a organização, que representa 22 países árabes, se solidariza com o Catar e com quaisquer medidas que o país adote para proteger a sua soberania e salvaguardar a sua segurança.

Já o Presidente da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP), Mahmud Abbas, afirmou que o "brutal ataque" de Israel ameaça a "estabilidade regional", de acordo com um comunicado.

Entretanto, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, assumiu a "total responsabilidade" pelo ataque contra líderes do Hamas no Catar.

"A ação de hoje contra os principais líderes terroristas do Hamas foi uma operação israelita totalmente independente. Israel iniciou-a, realizou-a e assume toda a responsabilidade", afirmou o escritório do primeiro-ministro numa mensagem.

Netanyahu e o ministro da Defesa, Israel Katz, defenderam que o ataque foi "totalmente justificado" pelas "ações assassinas" ordenadas pelos líderes do Hamas, após o seu braço militar ter reivindicado o atentado em Jerusalém, mencionando igualmente os massacres de 07 de outubro de 2023.

*Última atualização às 21:54, hora local na Alemanha

Lusa Agência de notícias
EFE Agência de notícias