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Caso de Bubacar Turé: "Ele simplesmente fez uma denúncia"

17 de abril de 2025

Equipa de defesa do presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos assegura que Bubacar Turé vai cooperar com a Justiça. Mas questiona a independência do Ministério Público.

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Bubacar Turé, jurista da Guiné-Bissau
Bubacar Turé, presidente da Liga Guineense dos Direitos HumanosFoto: privat

O Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, acusou hoje a Liga Guineense dos Direitos Humanos de atuar como um "partido político", criticando diretamente a atuação do seu presidente, o jurista Bubacar Turé.

Embaló classificou Turé como "infantil e irresponsável", elevando o tom na mais recente disputa entre o poder político e a sociedade civil.

As declarações surgem após Turé denunciar publicamente a morte de todos os pacientes do recém-inaugurado centro de hemodiálise do Hospital Nacional Simão Mendes — uma alegação negada com veemência pelo Governo. Turé foi, entretanto, intimado a comparecer no Ministério Público para prestar declarações sobre o caso.

Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló
Umaro Sissoco Embaló afirmou sobre o caso: "Bubacar foi muito infantil e irresponsável. Ninguém o vai tratar fora da lei. Se isso acontecer, ele que apresente queixa na Justiça"Foto: Alui Embalo/AFPTV/AFP/Getty Images

Em entrevista à DW, a advogada de Bubacar Turé, Beatriz Furtado, rejeita as declarações do Presidente, que diz serem uma manobra política para desacreditar a Liga Guineense dos Direitos Humanos.

DW África: Que leitura faz das declarações do Presidente Sissoco Embaló?

Beatriz Furtado (BF): Nós sabemos que o papel da Liga Guineense dos Direitos Humanos é muito importante e tão importante quanto o papel que a Presidência da República deveria ter na Guiné-Bissau e perante a sociedade guineense.

As declarações que têm sido veiculadas a respeito de Bubacar Turé, na qualidade de presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, põem em causa a credibilidade que ele e a Liga têm granjeado, durante esses anos, em defesa dos Direitos Humanos.

DW África: Onde está Bubacar Turé neste momento?

BF: Está no interior do país.

DW África: E vai atender a chamada do Ministério Público?

BF: Evidentemente que sim. É claro que nós, enquanto coletivo de advogados de Bubacar Turé, prezamos pela colaboração institucional. É isso que vamos fazer. Ele vai se representar e vai responder às questões solicitadas.

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O Ministério Público até poderia ter feito um pedido por escrito, mas não o fez. Fizeram esse alarido todo em torno de Bubacar Turé, até parece que ele matou alguém, mas ele não matou ninguém. Ele simplesmente fez uma denúncia, e cabe ao Ministério Público investigar a denúncia.

DW África: Como avalia a atuação do Ministério Público neste caso?

BF: Isso mostra, simplesmente, que estão sob pressão do poder político. Porque nós sabemos que, quando há uma denúncia, o Ministério Público tem de abrir um inquérito. E essa investigação deve ser sigilosa, baseada no segredo de justiça. Primeiro, tem de se investigar se, realmente, há indícios suficientes; só depois é que essas informações devem ser divulgadas ao público. Mas repare: As declarações [de Bubacar Turé sobre o centro de hemodiálise] foram proferidas no dia 10 [de abril], e nesse dia já havia pessoas à paisana na casa do Dr. Bubacar Turé. Que Ministério Público age com [tanta] rapidez?

Esse não é um processo urgente, porque nós sabemos como se pede celeridade para processos urgentes. Mas aqui não foi esse o caso. Isto é algo que requer investigação minuciosa para apurar se, realmente, ocorreram as mortes, como foi [denunciado] pelo presidente da Liga. Sendo assim, é claro que [agora], quem tiver informação, vai dizer que não sabe. Vai recusar [cooperar].