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Camponeses fogem de terroristas em Moçambique

13 de agosto de 2025

Camponeses fogem das suas aldeias em Cabo Delgado após a aproximação de grupos armados. Ataques, raptos e decapitações intensificam o terror na região, com quase 60 mil deslocados desde julho.

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Macomia 2025 | Terror in Cabo Delgado | Estrada em Macomia
Grupos armados assustam aldeias em Cabo DelgadoFoto: DW

Camponeses de aldeias de dois distritos de Cabo Delgado denunciaram hoje que abandonaram os campos de cultivo por receio, após a passagem de grupos de alegados terroristas, num momento que se registam ataques em vários pontos daquela província moçambicana.

Segundo as fontes, os movimentos dos supostos terroristas, nas aldeias de Nampipi e Mahate, no perímetro entre os distritos de Metuge e Quissanga, começaram a sentir-se no domingo, após os camponeses locais terem avistado homens com armas de fogo na zona de produção agrícola.

"Aquilo foi de dia, chegaram até à machamba (campo agrícola) do meu tio, mas por sorte ele foi primeiro a vê-los", relatou à Lusa uma fonte a partir de Quissanga.

Na terça-feira, os camponeses da zona de produção de Nampipi acabaram por dormir fora das suas cabanas, após os supostos rebeldes terem passado próximo ao rio onde vão buscar água.

"Eram muitos, passaram perto e um cão começou a ladrar. Aí constatámos tratar-se de rebeldes", relatou outra fonte, a partir de Metuge.

A população da aldeia de Nacuta também relatou na terça-feira um ataque por um grupo de supostos terroristas, que saquearam a comunidade e levaram três pessoas, provocando ainda a fuga da população.

Segundo fontes da comunidade, o ataque a Nacuta, distrito de Metuge, a cerca de 60 quilómetros da cidade de Pemba, aconteceu durante a madrugada do mesmo dia.

Moçambique Cabo Delgado 2024 | Camião incendiado na N14
Aldeias em Cabo Delgado ameaçadas por insurgentesFoto: DW

Ataques e sequestros intensificam clima de insegurança

Após o saque das barracas, os rebeldes levaram três pessoas da comunidade, obrigando-as a carregarem os produtos até ao interior da mata, libertando-as mais tarde.

Elementos associados ao grupo extremista Estado Islâmico (EI) já tinham reivindicado na segunda-feira um novo ataque, numa aldeia de Cabo Delgado,com pelo menos um cristão decapitado, num momento de violência e milhares de deslocados naquela província moçambicana.

A reivindicação, feita através dos canais de propaganda do EI, referia que o ataque aconteceu perto de Nangade, durante o qual "capturaram um dos cristãos" e "executaram-no".

Outras reivindicações dos últimos dias, confirmadas por fontes locais da Igreja Católica, apontam para casas e igrejas incendiadas em vários pontos de Cabo Delgado, desde o final de julho, incluindo a decapitação de vários "cristãos” entre a população.

No sábado, o mesmo grupo reivindicou outro ataque a uma aldeia do distrito de Ancuabe, no dia anterior, com os rebeldes a afirmarem que "capturaram um elemento das milícias locais”, que depois foi "decapitado".

No dia anterior, mas no distrito de Balama, os rebeldes, alegadamente pertencentes ao grupo Ahlu-Sunnah wal Jama`a (ASWJ), associado ao EI, reivindicam ter incendiado a casa de um "comandante das milícias” locais, numa aparente referência aos guerrilheiros ‘naparamas', que também combatem estes grupos.

Número de deslocados internos aproxima-se dos 60 mil

Mais de 57 mil pessoas foram deslocadas desde 20 de julho na província moçambicana de Cabo Delgado após o recrudescimento de ataques de extremistas, segundo dados da Organização Internacional para as Migrações (OIM).

De acordo com o mais recente relatório da OIM, com dados de 20 de julho a 03 de agosto, "a escalada de ataques e o crescente medo de violência” por parte de grupos armados não estatais nos distritos de Muidumbe, Ancuabe e Chiúre, levaram ao deslocamento de aproximadamente 57.034 pessoas, num total de 13.343 famílias.

O ministro da Defesa Nacional admitiu no final de julho preocupação com a onda de novos ataques em Cabo Delgado, adiantando que as forças de defesa estão no terreno a perseguir os rebeldes armados.

"Como força de segurança não estamos satisfeitos com o estado atual, tendo em conta que os terroristas nos últimos dias tiveram acesso às zonas mais distantes do centro de gravidade que nós assinalámos", disse Cristóvão Chume, aos jornalistas.

Reforço da narrativa extremista para conquistar apoio?

Lusa Agência de notícias
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