Cabo Delgado: Tropas ruandesas contribuem para estabilidade
24 de agosto de 2025O ministro da Defesa moçambicana destacouneste domingo (24.08), que as forças ruandesas que combatem a insurgência na província de Cabo Delgado contribuem "significativamente" no restabelecimento da estabilidade naquela região, permitindo às populações deslocadas retomar às zonas de origem.
Cristóvão Chume, citado pelo Governo do Ruanda, "observou que as operações conjuntas conduzidas com as Forças de Segurança de Ruanda em Cabo Delgado contribuíram significativamente para o restabelecimento da estabilidade na província, permitindo que os deslocados retornassem às suas casas".
Em comunicado, o Governo do Ruanda indica que recebeu uma visita do ministro da Defesa moçambicana, Cristóvão Chume, que manteve conversações com o seu homôlogo Juvenal Marizamunda, e com o Chefe do Estado-Maior da Defesa do Ruanda, General MK Mubarakh, cuja visita de trabalho visa "fortalecer a cooperação de defesa existente".
"O Ministro Cristóvão Artur Chume adiantou que a visita se concentrou principalmente no fortalecimento da cooperação em defesa e segurança com Ruanda, enfatizando que Ruanda é um parceiro fundamental para Moçambique em vários domínios, incluindo defesa e desenvolvimento socioeconómico", indica o comunicado do Governo ruandês, citando Cristóvão Chume.
Desde outubro de 2017, a província de Cabo Delgado, rica em gás, enfrenta uma rebelião armada com ataques reclamados por movimentos associados ao grupo extremista Estado Islâmico.
Uma força de mais de dois mil militares do Ruanda combate desde 2021 os grupos terroristas que operam na província de Cabo Delgado, protegendo nomeadamente a área em que a francesa TotalEnergies tem esse empreendimento para explorar GNL, após acordo entre os dois governos.
Esta força começou a ser reforçada em abril de 2024, na sequência da saída progressiva da missão militar dos países da África austral.
Apoio europeu
O Conselho da União Europeia (UE) aprovou, em novembro de 2024, um apoio adicional de 20 milhões de euros para as forças do Ruanda no combate ao terrorismo em Cabo Delgado, considerando que este destacamento "tem sido fundamental".
A medida, um "complemento" à assistência existente ao abrigo do Mecanismo Europeu de Apoio à Paz, visa "continuar a apoiar o destacamento da Força de Defesa do Ruanda na província moçambicana de Cabo Delgado", indicou na altura um comunicado da estrutura que junta os Estados-membros da UE.
O Conselho referiu que este apoio permitiria a aquisição de equipamento pessoal e cobriria os custos relacionados com o transporte aéreo estratégico necessário para apoiar o destacamento ruandês em Cabo Delgado.
Nova vaga de ataques
A recente onda de violência naquela província rica em gás já provocou desde a última semana de julho mais de 57.000 deslocados, de acordo com agências no terreno, sobretudo no distrito de Chiúre, sul de Cabo Delgado.
Pelo menos 29 pessoas morreram e outras 208 mil foram afetadas, em julho, pelos ataques de grupos extremistas em distritos de Cabo Delgado, avançou um novo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU).
O ministro da Defesa Nacional, Cristóvão Chume, admitiu no final de julho preocupação com a onda de novos ataques em Cabo Delgado, adiantando que as forças de defesa estão no terreno a perseguir os insurgentes armados.
Pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos no norte de Moçambique em 2024, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado em fevereiro pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS).