Cabo Delgado: Ataque terrorista causa pânico em Ancuabe
21 de julho de 2025Populares relataram à DW um ambiente de terror na aldeia de Nanduli, distrito de Ancuabe, com movimentações constantes de um grupo armado na região. Segundo testemunhos, um número elevado de homens armados – suspeitos de terem partido da zona de Quissanga – invadiu e incendiou habitações, incluindo a vedação de um campo de futebol, porém sem causar vítimas mortais.
Um morador, sob condição de anonimato, contou que os atacantes queimaram uma casa pertencente a um membro da força local, após encontrarem fardamentos estendidos no exterior. "Queimaram um alpendre e a vedação de um campo de futebol 11 e puseram-se em fuga”, relatou.
Assaltos
Antes de deixarem o local, os homens armados assaltaram residências e pequenas barracas da comunidade, de onde roubaram alimentos. Chegaram a confeccionar refeições na casa do líder comunitário.
"Mataram galinhas e fizeram a sua refeição de mata-bicho e almoço na aldeia. À saída, arrombaram casas e levaram comida. Entraram numa barraca e levaram tudo o que havia e que era comercializado à comunidade", relatou outro morador.
Há relatos de que seis membros da comunidade foram capturados nos campos de cultivo, mas acabaram por ser libertados. "Capturavam seis pessoas lá nas machambas logo de manhã, antes dos terroristas entrarem aqui na aldeia, mas deixaram-nas e estão aqui connosco.”
O ataque gerou pânico entre os habitantes, que fugiram para as matas do distrito de Ancuabe. "Às sete em ponto entraram aqui na aldeia e nós fugimos para o mato. Mas agora já voltamos. Ninguém morreu. A maioria fugia para Ngeue e outros iam em direcção à Metuge”, disse um líder comunitário.
Violência gera novas exigências
O ambiente de tranquilidade só foi restabelecido no início da tarde de domingo, após a retirada do grupo armado, permitindo o regresso dos residentes.
Este foi o terceiro ataque registado em Nanduli. O primeiro ocorreu em 2022, marcando a presença do grupo armado no distrito de Ancuabe, na região central de Cabo Delgado.
Com o aumento das ações do grupo armado ativo desde 2017, caracterizado por sequestros e exigência de resgates, o sector empresarial solicitou ao Governo a reintrodução de escoltas armadas na Estrada Nacional 380.
Organizações humanitárias, como os Médicos Sem Fronteiras, denunciaram dificuldades na prestação de assistência sanitária, devido à redução das atividades médicas e à limitação dos movimentos de profissionais e comunidades nas áreas afetadas.