Cabo Delgado: Ataques de insurgentes alarmam população
4 de abril de 2025O distrito de Ancuabe, em Cabo Delgado (Moçambique), continua a ser alvo de ataques terroristas. Na manhã de 3 de abril, terroristas atacaram a aldeia de Nkole, de acordo com relatos de moradores locais, que indicam que o incidente resultou na morte de uma pessoa e forçou a fuga em massa da população.
Segundo uma fonte que falou à DW a partir de Nsanja, e que preferiu manter o anonimato, os terroristas chegaram por volta das 11 horas de quinta-feira a Nkole – aldeia próxima de Nsanja –, fortemente armados. Efetuaram disparos para o ar e ordenaram que todos os residentes saíssem das respetivas casas.
"Degolaram uma pessoa e um grupo de Naparamas levou o corpo para sepultamento", disse um residente em anonimato.
O mesmo residente relata que, além de Nkole, os terroristas atacaram uma mina de ouro na aldeia de Mauja, na madrugada desta sexta-feira (04.04), tendo disparado contra garimpeiros artesanais e destruído as suas palhotas.
"Estávamos a dormir quando ouvimos os tiros. Corremos para o mato e ficámos escondidos até amanhecer. Capturaram várias pessoas, mas a maioria conseguiu escapar", revelou- outro residente que também pediu anonimato.
Ameaça e riscos constantes
A mina, situada entre os distritos de Ancuabe e Montepuez, tem grande importância económica, o que levanta receios de que os grupos terroristas estejam interessados na exploração de recursos naturais locais.
A insegurança gerada pelos ataques tem levado a população a deslocar-se em busca de refúgio. Mas muitos não têm para onde ir, sendo levados a abrigar-se em locais improvisados, como a sede da localidade de Nanjua, posto administrativo de Meza, em Ancuabe, segundo revelou um membro da força local, que também falou sob a condição de anonimato.
"Ninguém está lá mais nas aldeias. Alguns saem de Nanjua para as zonas de produção em busca de alimentos, mas regressam rapidamente devido aos riscos”, informou.
Enquanto os ataques persistem, cresce a incerteza quanto ao futuro da população local, que vive sob constante ameaça. Na segunda-feira (31.03), o grupo armado invadiu a aldeia de Nnonia, onde há relatos de que terão matado três habitantes.
No sábado, na aldeia de Meulo, pelo menos quatro pessoas foram raptadas pelos terroristas, três das quais acabaram por ser libertadas. Um dos sobreviventes do cativeiro terrorista relata o medo que ainda prevalece. "O meu coração até agora não está bem. Estou com medo”, afirmou o Ali Mussa.
De referir ainda que as autoridades não se têm pronunciado desde o início desta nova vaga de incursões terroristas em Cabo Delgado.