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Cabo Delgado apela a prevenção após caso de mpox

DW (Deutsche Welle)
4 de setembro de 2025

As autoridades moçambicanas confirmaram o primeiro caso de mpox em Cabo Delgado. Trata-se de uma criança de cinco anos, em Mocímboa da Praia, que apresentou febre, mal-estar e lesões cutâneas.

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Mpox no Congo
O primeiro caso em Moçambique foi registado na província do Niassa, no norte Foto: picture alliance / ASSOCIATED PRESS

Segundo a médica-chefe provincial, Eugénia Assuse, o diagnóstico positivo resultou de um conjunto de 22 amostras suspeitas enviadas para análise laboratorial.

"Vinte testes tiveram resultado negativo e um foi considerado inválido, o que obrigou à recolha de nova amostra", referiu.

Investigação em curso

O caso positivo é de uma criança residente em Nkongomano, no distrito de Mocímboa da Praia. "A menor apresentou sintomas a 19 de agosto e foi encaminhada ao hospital, onde recebeu tratamento e foi orientada ao isolamento domiciliar. A irmã da paciente também apresentou sinais da doença e está sob acompanhamento clínico", explicou a médica-chefe provincial.

Cabo Delgado 2025 | Eugénia Assuse, médica-chefe da província
Eugénia Assuse Médica-chefe da província de Cabo DelgadoFoto: Delfim Anacleto/DW

Apesar do alerta, Assuse garantiu que as duas crianças estão a evoluir de forma satisfatória.

As equipas de saúde investigam agora a origem da contaminação dentro da comunidade.

O governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, apelou à população para reforçar a vigilância e adotar hábitos preventivos, através do "resgate das medidas usadas contra a Covid-19, como a lavagem constante das mãos, com sabão, álcool ou até mesmo cinza, é fundamental", sublinhou.

"A higiene individual e coletiva deve ser prioridade para travar a propagação desta doença contagiosa", acrescentou Tauabo durante uma reunião do governo provincial.

População manifesta preocupação

Entre os residentes, a notícia foi recebida com preocupação. Em Montepuez, João Alfredo considerou que o primeiro caso deve servir de alerta. "Mostra-nos que temos de mudar a nossa forma de ser. Precisamos evitar aglomerações e lavar as mãos constantemente para evitar a propagação desta doença em vários locais", afirmou.

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Em Pemba, o munícipe Fitina Gomes defendeu uma maior mobilização comunitária.

"Achava que a doença não ia alastrar-se para aqui em Cabo Delgado. Com o surgimento deste primeiro caso, seria melhor que se criasse uma comissão para passar nos bairros a informar sobre os cuidados que nós temos que ter como comunidade", declarou, manifestando ainda preocupação com a sobrelotação nos transportes públicos.

Para o também residente em Pemba,Santos Niquisse, a comunicação comunitária é determinante no combate à doença. "A estrutura comunitária tem mais autoridade junto da população. Se os líderes locais transmitirem as mensagens preventivas, as pessoas vão seguir com mais seriedade", defendeu.

A mpox, também conhecida como varíola dos macacos, transmite-se sobretudo através do contacto próximo com pessoas infetadas, incluindo fluidos corporais ou lesões cutâneas, e pode igualmente ser disseminada por objetos contaminados.

As autoridades provinciais recordam que, desde a declaração de alerta nacional, têm reforçado as ações de prevenção, nomeadamente através da capacitação de agentes comunitários de saúde e da realização de encontros fronteiriços em distritos estratégicos como Palmae Mueda.

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