Cabo Delgado: 87 escolas encerradas após novos ataques
7 de agosto de 2025Pelo menos 87 escolas permanecem encerradas em Cabo Delgado devido aos recentes ataques de grupos extremistas no distrito de Chiúre, naquela província do norte de Moçambique alvo da insurgência armada desde 2017, anunciaram as autoridades locais.
"Há um trabalho que está a ser realizado (...) de mapeamento de quantas crianças estão nesta situação de perda das provas e onde é que se encontram, porque depois vamos ter que as submeter a uma avaliação, para não que não percam o ano letivo", disse à comunicação social Rachid Suále, o chefe do Departamento Pedagógico na Direção Provincial da Educação em Cabo Delgado.
Segundo o representante, dados preliminares indicam que foram afetados mais de 48.000 alunos e 490 professores naquela província, sendo a situação preocupante.
Suále avançou ainda que, neste momento, decorre o rastreio das crianças que não podem realizar as avaliações trimestrais, devido às incursões terroristas, que já provocaram mais de 57.000 deslocados só no distrito de Chiúre.
Mais de 10 mil famílias deslocadas
Em menos de uma semana, entre 24 e 28 de julho, estima-se que mais de 10 mil famílias tenham fugido de aldeias do posto administrativo de Chiúre Velho.
Dados do Mecanismo de Resposta Rápida (MRR), uma plataforma que visa fornecer assistência imediata e coordenada a populações afetadas por crises, dá conta que "entre 24 e 28 de julho, a escalada de ataques e o aumento do medo de violência por parte de grupos armados não estatais nas aldeias de Nantova, Micolene, Ntonhani e Chiúre Velho, no posto administrativo de Chiúre Velho, provocaram a deslocação de 10.075 famílias".
Segundo o MRR, as famílias refugiaram-se na sede de Chiúre, distrito do sul da província, nos centros de Micomi (6.329 agregados) e Namassir (5.297 agregados), "com as autoridades enviando os recém-chegados para locais de deslocados internos próximos".
O MRR é implementado por meio de uma colaboração entre várias organizações, incluindo o Governo de Moçambique, agências das Nações Unidas, organizações não-governamentais e a Cruz Vermelha, com o objetivo principal de responder rapidamente às necessidades das emergências, garantindo que as pessoas mais vulneráveis recebam apoio vital, como alimentos, abrigo, água, saneamento e proteção.
O ministro da Defesa Nacional, Cristóvão Chume, admitiu na semana passada preocupação com a onda de novos ataques em Cabo Delgado, adiantando que as forças de defesa estão no terreno a perseguir os rebeldes armados.
Elementos associados ao grupo extremista Estado Islâmico reivindicaram na segunda-feira novos ataques nos distritos de Chiúre e Muidumbe, com pelo menos cinco pessoas decapitadas, num momento crescente de violência naquela província moçambicana.
Pelo menos 349 pessoas morreram em ataques de grupos extremistas islâmicos no norte de Moçambique em 2024, um aumento de 36% face ao ano anterior, segundo um estudo divulgado em fevereiro pelo Centro de Estudos Estratégicos de África (ACSS).