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Cabinda: Dívidas do Estado sufocam empresas

Simão Lelo (em Cabinda)
4 de julho de 2025

Centenas de empresas em Cabinda estarão à beira da falência devido ao não pagamento de dívidas contraídas pelo Governo angolano. Empresários afetados lançam um grito de socorro ao Executivo.

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Empresas de Cabinda confrontadas com risco de falência devido a dívidas por parte do governo provincialFoto: Simão Lelo/DW

Empresários em Cabinda, a quem o Estado deve dinheiro há muitos anos, continuam a deparar-se com sérias dificuldades para a regularização das respetivas dívidas. Apesar de várias tentativas por parte dos empresários junto do executivo local e da administração central em Luanda para encontrar uma solução, nada mudou até agora.

Rogério Massiala, um dos empresários contactados pela DW, revelou que não tardará a declarar falência.

"O governo provincial de Cabinda pediu-nos para reabilitar as vias terciárias e fizemos isso com fundos próprios. Já tentámos recorrer ao Governo usando outras vias, mas não há solução", lamenta Massiala, que diz que o Estado lhe deve, ao todo, 188 milhões de kwanzas, o correspondente a 174 milhões de euros.

João Piula, proprietário de uma empresa de construção civil, também expressou descontentamento: "Construí uma ponte no valor de 243 mil dólares [cerca de 206 mil euros] e até cá não está pago".

"Como posso viver? Como é que o meu pessoal vai viver?", questionou o empresário.

Silêncio do governo

Devido ao silêncio do Governo, os empresários reuniram-se recentemente para traçar estratégias de forma a obter informações sobre o andamento do processo. Em declarações à DW, Belchior Tati, que encabeça a comissão dos empresários, diz que o valor total da dívida estatal ronda os 74 mil milhões de kwanzas, cerca de 7 milhões de dólares.

"Infelizmente, não temos garantias. Portanto, nós escrevemos ao governo provincial para nos fornecer os documentos para o reconhecimento da referida dívida", afirmou.

Belchior Tati entende que, se o Governo não reagir atempadamente, a economia poderá enfrentar problemas sérios.

A situação já "está a criar constrangimentos a nível das famílias, sobretudo no seio destes empresários que são obrigados a decretar falência", lamentou.

Sem entrar em pormenores, uma fonte do governo local, que pediu anonimato, explicou que, nos últimos meses, a equipa técnica de análises e certificação de atrasados recebeu 353 processos reclamados.

Destes foram validados 221, enquanto 46 se encontram pendentes a aguardar a confirmação; 21 foram reprovados por não reunirem requisitos legais e 66 estão em fase de análise pela Inspeção Geral da Administração do Estado.

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Simão Lelo Correspondente da DW África em Cabinda