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Cólera no Cuanza Norte: "Todos os dias temos casos novos"

17 de março de 2025

Mais de 90 por cento da localidade de Luínha sofreu com o surto de cólera na província angolana do Cuanza Norte, afirma responsável: "O quadro epidemiológico é preocupante".

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Um homem e uma mulher caminham sobre uma poça de água ao longo de uma rua, depois de um reservatório transbordar em Hamanskraal, Pretória, África do Sul
Foto ilustrativaFoto: Themba Hadebe/AP/picture alliance

Um surto de cólera atingiu mais de 90 por cento da localidade de Luínha, a 20 quilómetros de Ndalatando, capital do Cuanza Norte.

Em menos de uma semana, foram registadas 13 mortes e cerca de 50 casos ativos. As perto de 3 mil famílias camponesas estão em pânico e, deste número, 300 já abandonaram o local em direção às províncias de Ícolo e Bengo e Luanda. Um dos grandes problemas é o não fornecimento de água tratada às populações.

Em entrevista à DW, o diretor interino da Saúde na província, António Zangue, diz que todos os dias há registo de casos novos e o quadro epidemiológico é preocupante.

DW África: Como está a situação da cólera na província?

António Zangue (AZ): O quadro epidemiológico é preocupante. Todos os dias temos casos novos. Houve 13 mortes em três dias, os corpos foram sepultados em simultâneo. Em cerca de 44 casos tivemos conhecimento da situação e o governo provincial fez uma pronta intervenção com recursos humanos e medicamentosos.

DW África: Qual é o epicentro da doença?

AZ: O epicentro é a localidade do Luínha, no município do Cazengo. A doença foi importada, porque há muitos trabalhadores que vêm de Cacuaco e acabaram infetando todas as populações que lá residem. Abandonaram a localidade cerca de 300 pessoas,que receamos possam ainda espalhar a doença, tendo em conta o período de incubação.

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DW África: Quando é que essas pessoas saíram de lá?

AZ: As pessoas foram abandonando a localidade desde as primeiras mortes.

DW África: De uma forma global, quantos casos há e quantas pessoas já morreram lá? Quantos casos estão registados só nesta zona e em toda província?

AZ: Há cerca de 133 casos na localidade do Luinha e cerca de 16 mortes.É uma localidade muito pequena. Mais de 90 por cento da população da localidade está infetada.

DW África: Para além de criarem as condições sanitárias, há um fator muito importante, que é o consumo de água. Que tipo de água se consome lá?

AZ:A água  é do rio e não oferece segurança.Remeto a resposta desta pergunta aos órgãos competentes, como o Gabinete de Energia e Água e o Governo provincial, para nos dizerem qual será a intervenção em termos de infraestruturas de água.

DW África: Vocês não estarão a jogar no escuro, sabendo que o mais básico teria de estar lá para facilitar a intervenção que estão a realizar?

AZ: Até certo ponto, sim. Mas também estamos a fazer uma intervenção para que a população não continue a beber água do rio, mas água desinfetada.

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