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BODIVA: O que está por trás da nomeação da filha de JLo?

11 de fevereiro de 2025

A nomeação de Cristina Lourenço, filha do chefe de Estado angolano, João Lourenço, para a presidência interina da comissão executiva da Bolsa de Dívida e Valores de Angola continua envolta em polémica.

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Site da Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA). Imagem de 2021
Imagem de arquivoFoto: bodiva.ao

Cristina Lourenço assumiu a função na semana passada, interinamente. Substituiu Walter Pacheco, que renunciou à chefia da comissão executiva da Bolsa de Dívida e Valores de Angola (BODIVA) após quase quatro anos no cargo.

Em comunicado, a BODIVA esclareceu que Cristina Lourenço é "o membro mais antigo da comissão executiva", por isso assumiu as funções. Desde 2020 que Cristina Lourenço pertence ao conselho de administração.

Mas as críticas não tardaram. Por ser filha do Presidente angolano, João Lourenço, a nomeação de Cristina Lourenço gerou, de imediato, comparações com a empresária Isabel dos Santos, filha do ex-Presidente José Eduardo dos Santos, quando foi indicada para a chefia do Conselho de Administração da petrolífera Sonangol.

Presidente da República de Angola, João Lourenço, em junho de 2022
Presidente angolano, João Lourenço, fez do combate à corrupção o seu cavalo de batalhaFoto: João Carlos/DW

O jurista Salvador Freire, antigo presidente da Associação Cívica "Mãos Livres", diz que a nomeação da filha do Presidente angolano levanta várias questões sobre os critérios utilizados.

"Porque ela não é a única entre os 30 milhões de angolanos que tem uma formação que possa ser considerada como a melhor das melhores angolanas no país para poder ocupar esse cargo", refere Salvador Freire em declarações à DW.

Competência ou nepotismo?

João Malavindele, coordenador da organização não-governamental Omunga, entende que devia ter havido mais consideração.

"Ela até pode ser competente, mas tendo em conta que o seu pai é o Presidente da República, e tratando-se de uma empresa pública de grande dimensão, era de todo expectável que houvesse, no mínimo, maior ponderação na sua nomeação", comenta Malavindele.

Será que a nomeação pode ser encarada como nepotismo, como alegam os críticos?

O cientista político Eurico Gonçalves entende que não: "Não se trata de nepotismo. Essa nomeação é fruto natural do potencial e do desempenho da cidadã Cristina Lourenço, não é por ser filha do Presidente da República de Angola", afirmou.

O cargo de Cristina Lourenço é interino. De acordo com a BODIVA, o novo conselho de administração deverá ser eleito na Assembleia Geral de Acionistas, marcada para o dia 21 de março.

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Manuel Luamba Correspondente da DW África em Angola
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