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"Aumento do gasóleo agrava custos e não tem contrapartida"

5 de julho de 2025

Presidente da Associação Agropecuária de Angola (AAPA) considera que aumento do preço do gasóleo terá "um impacto grande" para setor produtivo, sem contrapartida à produção nacional.

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Aumento preço gasóleo
"É sempre o consumidor quem deve pagar quando o Governo não tem interesse de absorver o impacto que isso tem para o produtor ou para o consumidor", lamenta analistaFoto: Sina Schuldt/dpa/picture alliance

"Vai ter um impacto, sem dúvida", afirmou o dirigente da Associação Agropecuária de Angola (AAPA), Wanderlei Ribeiro, comentando a subida do preço do gasóleo de 300 para 400 kwanzas por litro (de cerca de 0,28 para 0,37 euros), em vigor desde ontem, no âmbito da política de retirada progressiva dos subsídios aos combustíveis.

"Na verdade, já se esperava, não é propriamente algo que a classe considere uma grande surpresa, porque já se sabe que há uma decisão do Governo de fazer uma redução gradativa dos subsídios", disse Ribeiro.

Segundo o presidente da AAPA, a justificação do Governo na primeira fase do processo foi que a remoção das subvenções libertaria recursos para fomentar a produção nacional. No entanto, "não se consegue ver, na mesma proporção daquilo que é o impacto da remoção dos subsídios, uma cabimentação de recursos para apoio à agricultura familiar".

Entre as medidas mais recentes, Wanderlei Ribeiro apontou a aquisição de 180 mil toneladas de fertilizantes e o reforço da capitalização do Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA), mas ressalvou que "há um desafio ainda muito grande naquilo que é a capacidade de financiamento à economia real, sobretudo às empresas do setor".

"Haverá, sem sombras de dúvidas, um impacto grande, até porque, nesta altura, temos a atualização do salário mínimo, que também é outra alteração, outro custo, que vem agravar o custo de produção", alertou.

O responsável criticou também a liberalização da importação de milho, que considerou uma medida desfavorável: "Foi a um preço muito mais baixo do que aquele que as empresas nacionais conseguem produzir. Isso não ajuda as atividades do setor".

Posto em Cabinda
Posto em Cabinda, AngolaFoto: Simão Lelo/DW

"Consumidor sempre paga"

"É sempre o consumidor quem deve pagar quando o Governo não tem interesse de absorver o impacto que isso tem para o produtor ou para o consumidor", lamentou.

Para Wanderlei Ribeiro, o produtor — tanto em larga como em pequena escala — "vai sentir mais na pele o impacto desta medida", porque "não consegue absorver esse impacto e tem de repassar a alguém, ao consumidor, a menos que existisse uma absorção dos custos pelo Governo, através de medidas de subsídio ao comércio ou à produção".

"Subsídio à produção não me parece uma medida de interesse do Governo, nesta altura", concluiu.

O Governo angolano pretende alinhar os preços internos com os valores de mercado até ao final de 2025, libertando recursos públicos para setores como a saúde, educação e infraestrutura. 

Desde 2023, a gasolina subiu de 160 para 300 kwanzas por litro (0,15 para 0,28 euros), enquanto o gasóleo passou de 135 para 400 kwanzas (0,13 para 0,37 euros), acumulando aumentos superiores a 120%.

A eliminação dos subsídios representa uma poupança estimada de 400 mil milhões de kwanzas por ano (cerca de 372 milhões de euros), num esforço de consolidação orçamental apoiado por parceiros internacionais como o Fundo Monetário Internacional (FMI).

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